Os partidos que apoiaram Beto Richa (PSDB) na campanha elegeram 25 dos 54 novos deputados estaduais. Com isso, o novo governador eleito não chega ao mandato com maioria no Legislativo. No entanto, a tradição governista da Assembleia faz crer que ele não terá dificuldade para montar uma base de apoio. "Isso é típico do nosso sistema eleitoral", explica o cientista político Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná. "O chefe do Executivo não se elege com maioria. No entanto, já no dia seguinte a situação começa a mudar. Os deputados precisam do Executivo, que tem os recursos", afirma.
Ontem, Richa afirmou que terá uma relação boa com a Assembleia e disse que manterá o mesmo tipo de tratamento que tinha com a Câmara de Curitiba, quando prefeito. "Vamos ter boa relação porque vamos tratar a Assembleia com respeito, reconhecendo a independência desse poder", declarou.
Os próprios deputados eleitos acreditam na possibilidade de uma composição. Até porque alguns dos candidatos que se elegeram pela coligação de Osmar Dias já faziam campanha junto com Richa, como é o caso de Luiz Claudio Romanelli (PMDB) e Alexandre Curi (PMDB). "O Beto terá margem de manobra para montar uma maioria, com certeza", afirma Romanelli.
É importante lembrar, porém, que a composição da Assembleia Legislativa ainda pode mudar à medida que os recursos de políticos com candidaturas indeferidas pela Justiça Eleitoral em primeira instância forem julgadas. De acordo com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, os casos devem ser julgados até dezembro. Até o momento, os candidatos indeferidos aparecem com votação zerada na lista oficial.
O índice de renovação na Assembleia, apesar das denúncias e escândalos que marcaram a atual legislatura, foi semelhante ao de eleições anteriores. Houve 33% de deputados eleitos que não faziam parte do último mandato. A média no Legislativo estadual gira tradicionalmente em torno de 30%.