Pela segunda sessão seguida na Assembleia paranaense, a futura bancada de apoio ao governador eleito, Beto Richa (PSDB), tentou barrar um projeto enviado ao Legislativo pelo atual governador, Orlando Pessuti (PMDB). Desta vez, porém, os deputados governistas conseguiram frustrar as pretensões dos adversários e aprovaram a proposta em segunda discussão. Por outro lado, os parlamentares que hoje estão na oposição parecem ter conseguido uma vitória junto ao presidente da Casa, Nelson Justus (DEM). Ontem, Justus deu sinais de que, antes de levar projetos do atual governo à votação em plenário, vai consultar a equipe de transição nomeada por Richa para saber o que acha das propostas.
Na última terça-feira, a bancada de oposição conseguiu retirar por dez sessões o projeto do Executivo que institui a Política Estadual de Fomento à Economia Solidária no estado, sob o argumento de que a proposta trará impactos para o novo governo e, portanto, precisa ser melhor analisada. Ontem, o líder da bancada, Élio Rusch (DEM), tentou a mesma manobra em relação ao projeto do governo que implanta o Programa Universidade Sem Fronteiras como política pública de extensão universitária no Paraná. No entanto, os parlamentares governistas impuseram uma derrota por 20 votos a 12 à oposição e derrubaram o requerimento que tentava retirar a proposta da pauta de votações.
Líder do governo na Casa, o deputado Caíto Quintana (PMDB) criticou a postura da oposição, afirmando que o projeto está em tramitação desde março e foi aprovado em todas as comissões e na votação em primeira discussão sem maiores questionamentos. "Trata-se de uma política de estado e não de governo. O projeto foi encaminhado à Casa antes das eleições sem qualquer cunho político, até porque poderíamos ter ganhado e ser governo a partir de janeiro", afirmou. "A oposição tem todo o direito de ser vigilante, mas a Assembleia não pode parar." O peemedebista ameaçou, inclusive, apresentar um requerimento solicitando a retirada de todos os projetos da pauta de votações até o fim do ano. "Se continuar assim, que entremos em recesso branco, porque não haverá razão para continuar o processo de votação em plenário."
Já Élio Rusch argumentou que, por bom senso, o governo eleito precisa avaliar melhor as matérias que impliquem na implantação de novos programas a partir do ano que vem. "Não somos contra as mensagens. Mas temos de respeitar o desejo da maioria dos paranaenses, que escolheu o Beto para administrar o estado. Ele e sua equipe de transição precisam ser consultados sobre isso", disse. "Por que enviar essas propostas só agora, em final de mandato?"
O líder da oposição ainda pediu ao presidente da Casa que não inclua propostas do Executivo na ordem do dia sem que elas sejam previamente analisadas pela equipe de transição de Richa. Indagado sobre o assunto, Justus deu mostras de que vai atender à solicitação. "O governo vai até 31 de dezembro. Mas tem algumas questões em que essa intercessão deve ser consultada. Sempre foi assim", declarou.
Apesar de considerar natural essa tensão política pós-eleitoral, o professor de Ciência Política Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná, afirma que a postura da oposição é uma ingerência indevida sobre o governo e a Assembleia. Para ele, como a nova legislatura só começará em 2011, o que for de competência da atual composição da Casa deve ser votado.
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