Os candidatos a vice-presidente Guilherme Leal (PV), Indio da Costa (DEM) e Michel Temer (PMDB) participaram de sabatina nesta terça-feira (24) em São Paulo. O evento foi organizado pelo jornal "Folha de S. Paulo" e teve duração de quase duas horas. Os candidatos responderam perguntas de jornalistas e também de internautas.
A primeira questão, comum a todos os participantes, foi sobre qual é o posicionamento a respeito de uma assembleia para revisão constitucional. Guilherme Leal lembrou que Marina Silva propõe a constituinte para alguns temas, como a reforma tributária e política, mas concordou com a análise de que há risco de o Executivo usar sua influência para concentrar excesso de poder.
O deputado Michel Temer disse que é possível fazer uma revisão constitucional, mas a convocação deve ocorrer com a devida antecedência para que o povo outorgue esse poder aos eleitos. Ele sugere que seja feito um referendo popular para aprovar o que chegar a ser deliberado pelos deputados. O vice de José Serra, Indio da Costa, disse ser a favor de modernizar a constituição dentro de determinados temas, mas é contra que os deputados tenham liberdade para rever toda a constituição.
Papel do vice
Os candidatos foram questionados sobre o papel do vice e se mudariam algum dos benefícios do cargo, que inclui salário de cerca de R$ 10 mil e direito a uma residência oficial. Tanto Temer quanto Leal concordaram com a importância constitucional do vice, que deve substituir o presidente quando necessário. Já Indio afirmou que doará o seu salário para a Santa Casa se for eleito e que terá como função viajar o Brasil para fiscalizar serviços.
O tema relação entre PT e Farc voltou a ser abordado em pergunta direta ao candidato do DEM. Indio defendeu que existe relação entre o PT e as Farc e reafirmou a importância do combate às drogas, que ele diz acreditar ter sido colocado em segundo plano no atual governo. Temer rebateu Indio dizendo que houve aumento na apreensão de cocaína e que não existe permissividade do governo Lula.
Fisiologismo
Em questão sobre a relação do PMDB com o poder, Temer refutou o estigma de que seu partido faça alianças para obter cargos. Ainda sobre seu partido, Temer respondeu pergunta sobre o fato de o PMDB não ter um candidato próprio. O deputado disse que essas escolhas dependem das circunstâncias políticas e que, em 2006, o partido se articulou pela candidatura de Anthony Garotinho, que foi abandonada por causa da verticalização.
O vice de Marina, que é empresário, foi perguntado se o investimento na campanha vale a pena e se a candidatura não foi estratégia para dar visibilidade à Natura, empresa de cosméticos que ele administra. Leal refutou a hipótese e disse que não precisa deste tipo de jogada para obter marketing. Segundo ele, a busca do cargo de vice tem mais componentes de risco do que de oportunidade. Na sequência, Leal foi questionado sobre meta de reforma agrária e MST. Ele apresentou Marina como herdeira de Chico Mendes, portadora de compromisso histórico com pequenos agricultores, mas afirmou que ao MST defende tratamento pautado pelo que está previsto em lei.
Sobre a polarização PSDB - PT nas últimas eleições, Temer diz que vê com bons olhos a formação de blocos e espera que em um futuro próximo possam surgir partidos oriundos desses blocos. Leal disse que ir contra a polarização é um dos diferenciais do PV, enquanto Indio afirmou que essa discussão é etérea para o eleitor e que por isso é favorável ao voto distrital puro, para aproximar eleitor do político.
Projeto contra esmolas
Indio foi questionado sobre projeto de lei proposto por ele em 1997, quando era vereador no Rio de Janeiro, que previa multa para quem dá esmola. Ele disse que a iniciativa é fruto de sua luta contra a exploração infantil, sabia que era um projeto inconstitucional, mas o fundamental era propor a defesa das crianças. Sobre o fato de ainda não ter aparecido nos programas de televisão de Serra, o deputado do DEM disso que isso não é motivo de preocupação, que ele ainda aparecerá no horário eleitoral.
Imagem de Lula
Ao ser perguntado sobre o uso da imagem de Lula no programa tucano, Indio disse que a propaganda apenas mostrou que são duas pessoas experientes e criticou Lula por indicar alguém que ninguém sabe quem é. Ele comparou Dilma a Celso Pita, que foi indicado por Paulo Maluf em São Paulo.
Na sequência do debate, Indio voltou a falar sobre o tema e perguntou se Leal contrataria a Dilma para gerenciar sua empresa. "Tenho sérias dúvidas", respondeu Guilherme. Indio diz que também não contrataria. Mais tarde, Temer lembrou que tem a sensação de que o povo brasileiro está querendo contratá-la para Presidente da República e citou avanços do governo Lula que teriam sido conquistados sob a gestão de Dilma.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião