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Um poema inspirador

"Invictus" é o título de um poema escrito em 1875 pelo britânico William Ernest Henley e que fez companhia para Mandela durante o cárcere. O líder sul-africano lia e relia as estrofes para manter a esperança e a sanidade enquanto cumpria pena e era submetido à trabalhos forçados em Robben Island. Os versos são mencionados durante o filme. Confira o poema abaixo:

"Do fundo desta noite que persisteA me envolver em breu - eterno e espesso,A qualquer deus - se algum acaso existe,Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,Sob os golpes que o acaso atira e acerta,Nunca me lamentei - e ainda tragoMinha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,Somente o Horror das trevas se divisa;Porém o tempo, a consumir-se em fúria,Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,Nem por pesada a mão que o mundo espalma;Eu sou dono e senhor de meu destino;Eu sou o comandante de minha alma."

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Um esporte que une a nação sob as cores da bandeira nacional. Um povo que torce e sofre junto com uma equipe que disputa a Copa do Mundo. Apesar da semelhança, não se trata do Brasil e o Mundial de futebol – mesmo que todo o brasileiro conheça esse sentimento de pertencimento desde criança. Essa é uma pequena descrição do que ocorre no filme "Invictus", dirigido por Clint Eastwood e que chega agora às locadoras. O longa-metragem mostra como em 1995 o então presidente da África do Sul, Nelson Mandela, usou o time nacional de rúgbi para unificar um país ainda dividido pela herança do apartheid.

Em fevereiro de 1990, Mandela (Morgan Freeman) sai da prisão de Robben Island, onde ficou por 27 anos. Quatro anos depois se torna o primeiro presidente negro do país. O cenário é de tensão, já que brancos temem ser repreendidos pelo governo e negros buscam até uma espécie de vingança. É para conquistar os dois lados que o governante usa o esporte.

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Mandela chama o capitão da equipe dos Springboks, François Pienaar (Matt Damon), para uma conversa, na qual procura inspirar o líder do time e abrir seus olhos para a importância do desempenho dentro e fora de campo. Os sul-africanos não apesentam boas atuações no jogo e contam com a torcida contra da maioria negra do país.

O desafio Mandela é, a partir daí, compartilhado por Pienaar. Como líder, procura inspirar também seus companheiros de time para fazer o que parecia impossível: conquistar a Copa do Mundo.

A aproximação temática e cronológica com a Copa do Mundo de futebol não é mera coincidência. O filme foi lançado mundialmente no final de 2009, um momento que o país já havia dado passos importantes para unir brancos e negros, mas procurava um maior entendimento internacional.

A atuação de Mandela nesse episódio é, sem dúvida, um dos melhores exemplos de ativismo político, cidadania e liderança pela inspiração que o cinema já retratou.

Bastidores

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Um dos maiores destaques de "Invictus" é a atuação de Freeman no papel de Mandela. O reconhecimento veio em forma de indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro.

A caracterização do ator como o líder sul-africano surpreendeu pela veracidade, já que até os mínimos detalhes foram alterados, como o modo de falar e a postura. Além disso, já era prevista a boa atuação, até mesmo pelo verdadeiro Mandela. Na época do lançamento da sua autobiografia "Longo Caminho para a Liberdade", nos anos 1990, ele havia apostando Morgan Freeman como o ator lhe para interpretar no cinema.

A ideia inicial de Clint Eastwood para o filme era uma biografia, mas foi abandonada por ser um material muito extenso. Foi quando o diretor encontrou o livro "Jogando com o Inimigo", do jornalista britânico John Carlin, que narra o episódio da Copa. Apesar de um belo filme, Eastwood não consegue se destacar tanto na direção de "Invictus" quando em outros longas, mas deixa sua marca.

Veja abaixo outras indicações de internautas e da Redação da Gazeta do Povo de filmes sobre ativismo político (clique em leia a matéria para ver os trailers):

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