Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o jornalista Amaury Ribeiro Junior afirma "ter certeza" que as informações usadas para abastecer um dossiê contra lideranças tucanas e contra o candidato do PSDB à Presidência José Serra foram "copiadas" indevidamente de seu notebook pelo deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. No depoimento, Amaury afirma que Rui Falcão era a única pessoa, além dele mesmo, que tinha a chave do quarto ocupado pelo jornalista no hotel Meliá Brasília, onde estaria o computador pessoal que guardava os dados dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, da filha de Serra, Verônica, do genro, Alexandre Borgeouis, além de outras lideranças do partido.
Segundo relato de Amaury, o conteúdo das informações coletadas ilegalmente junto à Receita, entre setembro e outubro de 2009, nas delegacias de Mauá e Santo André, não havia sido compartilhado com nenhuma outra pessoa. No depoimento, o jornalista afirma que "nunca entregou tal material a qualquer pessoa e acredita com veemência que o mesmo foi copiado de seu notebook" e que tem "certeza que tal material foi copiado por Rui Falcão, pois somente ele tinha a chave do citado apartamento, pois já havia residido no mesmo".
Ainda segundo relato de Amaury à PF, ele constatou que Rui Falcão tinha a chave do quarto do hotel em Brasília depois de verificar junto a portaria do hotel que "o nome de Rui Falcão contava na portaria do hotel como sendo o ocupante daquela unidade".
Apesar da declaração de Amaury, a Policia Federal ainda não adotou nenhuma atitude para investigar o possível envolvimento do coordenador da campanha de Dilma no vazamento das informações sigilosas dos tucanos. A PF informou, no entanto, que continua investigando os desdobramentos da quebra de sigilo e não descarta investigar a possível participação de Falcão.
Procurado pela reportagem, Rui Falcão disse que não poderia se pronunciar sobre um depoimento a qual não teve acesso.
Entre os petistas, a avaliação é que o vazamento dos dados do suposto dossiê ocorreu em meio a disputa de poder entre Falcão e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que compartilhavam o comando da campanha até o início de junho, quando a existência do "núcleo de inteligência" foi revelada em reportagem da revista "Veja".
Os investigadores da Policia Federal também concluíram que Amaury Ribeiro Junior devassou as informações sigilosas dos tucanos, após se afastar das atividades de repórter no "Estado de Minas". Amaury interrompeu as atividades no jornal em 16 de setembro, e ficaria de férias até o dia 15 de outubro. Ao retornar do período de descanso, quando na verdade estava coletando ilegalmente as informações do grupo tucano em São Paulo, o jornalista pediu demissão do jornal.
As informações sigilosas do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e da filha de Serra, Verônica Serra, foram violadas exatamente no mesmo período que Amaury estava em férias. No dia 29 de setembro do ano passado, Amaury viajou para São Paulo com o objetivo de receber as informações que haviam sido coletadas pelo despachante Dirceu Garcia, que apresentou à PF recibo de R$ 12 mil que teriam sido pagos por Amaury para realizar o serviço.
Além de R$ 12 mil, Garcia recebeu de Amaury R$ 5 mil, em duas parcelas de R$ 2,5 mil, entre os dias nove e 17 de setembro deste ano, como um "cala boca", segundo palavras do próprio Garcia em depoimento à Polícia Federal.
Garcia contou ainda que Amaury telefonou a ele dizendo que estava na "Barra Funda" (bairro da capital paulista) e que estaria pronto para ajudá-lo. Os depósitos, no entanto, foram feitos a partir de uma conta do banco Bradesco, no prédio Varig, em Brasília. Os bilhetes das viagens que Amaury fez a São Paulo mostram que os voos sempre passaram por Brasília.
A Polícia Federal convocou Amaury Ribeiro Junior para novo depoimento em São Paulo. Amaury, que será indiciado pela PF, foi chamado a depor na quarta-feira, mas não compareceu.
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