No primeiro comício da petista Dilma Rousseff em Porto Alegre (RS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou ontem ataques à "elite brasileira" e disse que "a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país" em uma indireta ao candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, que nesta semana foi acusado pelo assessor presidencial Marco Aurélio Garcia de ser "troglodita de direita".
"A elite brasileira não sabia o que era capitalismo. Foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo", afirmou Lula durante evento realizado no ginásio Gigantinho, que reuniu cerca de 12 mil participantes. "Foi esse metalúrgico que chamou o presidente do FMI e disse: Estamos cansados de gritar fora FMI."
O presidente emendou: "A esquerda pensa que sabe fazer oposição. A esquerda pensa que sabe fazer barulho. Mas foi no governo que nós aprendemos que, se a esquerda faz oposição, a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país." Lula também manteve a elite como alvo de suas críticas. "É a mesma elite que levou Getúlio [Vargas] a dar um tiro no coração, que matou Jânio Quadros e levou João Goulart a renunciar", discursou. "Eu disse a essa elite que não estarei no gabinete lendo o jornal de vocês, mas na rua com o povo brasileiro." Na declaração, o presidente cometeu dois erros históricos: Jânio Quadros não foi assassinado; morreu aos 75 anos de causas naturais. E João Goulart não renunciou; foi deposto pelo golpe militar de 1964.
Antes do discurso em Porto Alegre, Lula se encontrou com o presidente do Uruguai, José Mujica, em Santana do Livramento (RS), onde também aproveitou para alfinetar Serra. Lula defendeu ontem o Mercosul e criticou indiretamente o candidato do PSDB à Presidência, que frequentemente aponta desvantagens do bloco de integração regional.
"Para os que, aqui e ali, propalam o suposto fracasso do Mercosul, advogando até mesmo seu fim, lembramos que as quatro economias que mais cresceram na América são exatamente as do nosso bloco", disse Lula.
No primeiro semestre, Serra afirmou, em palestra para empresários mineiros, que o bloco econômico seria um entrave para que o Brasil faça acordos comerciais. A declaração foi em seguida atenuada em entrevista recente à Folha de S.Paulo, quando o presidenciável tucano explicou que o Mercosul "deve ser flexibilizado, para que não seja um obstáculo para políticas mais agressivas de acordos internacionais".
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