Como o senhor avalia o atual momento pelo qual passa a imprensa após as críticas do presidente Lula que, entre outras coisas, acusou o setor de "vender uma neutralidade disfarçada" na cobertura das eleições, supostamente tentando levar o candidato José Serra (PSDB) ao segundo turno?
Diante da fragilidade da oposição, a imprensa acabou assumindo esse papel. A questão aguçou agora no final da campanha eleitoral. A cada dia os grandes jornais brasileiros buscam uma manchete para ser utilizada no horário eleitoral. A imprensa deixou de ser observadora para ser participante, de maneira explícita, do processo. Na eleição de 2006 aconteceu o mesmo, no final do primeiro turno, o que determinou a realização do segundo turno, com a exploração do "Caso dos Aloprados". Desta vez, porém, começou um pouco antes. Essas denúncias, todas ainda nebulosas, não ganhariam a mesma dimensão se não fosse o período eleitoral.
O senhor, então, concorda com as críticas do presidente Lula?
Sem dúvida. O presidente tem mantido desde o início do seu governo um relacionamento de total liberdade com a imprensa, com liberdade de expressão, sem nenhum indício do contrário.
Em que pontos a imprensa tem errado na cobertura destes escândalos que envolvem a Casa Civil na sua avaliação?
Não recomendaria aos meus alunos ler esses três jornais: Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo. Eles dão manchete a partir de fatos que não merecem manchete. Claro que deve haver a investigação, a reportagem, mas não a manchete, que, em muitos casos, não representa o conteúdo da matéria. É um desserviço ao jornalismo e à sociedade.
Há por parte da imprensa quem enxergue nessas críticas um abalo à democracia, à liberdade de expressão. O senhor concorda?
De maneira alguma. O que existe é um monopólio da informação, que acaba dando à população apenas uma visão, é a chamada impossibilidade do contraditório. Isso sim é um perigo para a democracia.
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