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Dilma e Lula: dupla tenta fazer história. | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Dilma e Lula: dupla tenta fazer história.| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Dilma cita inspiração bíblica

Dilma Rousseff disse ontem que vai governar inspirada em uma frase atribuída a Jesus Cristo pelo Evangelho de São João – "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância". Antes do comício na Boca Maldita, ela se reuniu por cerca de uma hora com o arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, e teria feito essa afirmação no momento em que o tema aborto entrou em pauta, segundo o deputado estadual Rafael Greca (PMDB), que participou do encontro na biblioteca do arcebispo, na Cúria Metropolitana. Dilma, o ministro Paulo Bernardo e a candidata ao Senado Gleisi Hoffmann (PT), também presentes, não conversam com jornalistas. Saíram rapidamente do encontro, em direção ao comício que ocorreu em seguida na Boca Maldita.

A defesa da legalização do aborto, em congressos do PT, motivou o bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Ber­­gonzini, a orientar os padres da cidade pregar nas missas o voto contra a candidata. Dilma diz considerar o aborto um caso de saúde pública e defende a atual legislação, que permite o aborto em caso de estupro e de risco de vida para a mãe.

Assalto

Ainda segundo Greca, o arcebispo emérito dom Pedro Fedalto contou à petista ter sido assaltado duas vezes, ao que Dilma respondeu que vai "dedicar seu governo às causas do combate às drogas e da estruturação da família". A candidata também mencionou sua intenção de trabalhar junto com as escolas, hospitais e universidades da Igreja Católica, para que integrem uma "rede brasileira de combate à pobreza". (FJ)

  • Comício com Lula: presidente pediu a preservação da vida de Sakineh em Curitiba.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no sábado (31), em comício realizado na Boca Maldita, centro de Curitiba, que o Brasil irá oferecer asilo político para a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Sakineh, de 42 anos, chegou a receber 99 chibatadas por ter cometido adultério.

"Se essa mulher está causando incômodo lá no Irá, nós a receberemos de braços abertos no Brasil", declarou o presidente.

Lula disse que a questão de Sa­­kineh era "muito delicada", por se tratar da "lei e da política de outro país". "Mas nada justifica o Estado tirar a vida de uma pessoa", disse o presidente para, em seguida descrever o modo como Sakineh cumpriria sua pena. "A traição lá tem um tipo de pena que é enterrar a mulher viva e deixar a cabeça para fora para o povo jogar pedra."

No comício, Lula afirmou que a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, daria um telefonema para o presidente iraniano Mahmoud Ahmadi­nejad pedindo a liberação de Sakineh. Depois, em entrevista coletiva, Dilma afirmou que o ato seria uma medida tomada ainda no governo Lula.

Há vários dias, Lula vem sendo pressionado por uma campanha na internet pedindo para que o presidente intercedesse por Sakineh junto ao presidente iraniano. Durante a semana, porém, o presidente chegou a declarar que o Brasil não poderia opinar sobre a legislação de outros países, sob o risco de haver uma "avacalhação".

Disputa eleitoral

Antes de falar sobre a situação no Irã, Lula dedicou a maior parte do seu discurso de 50 minutos aos aliados. Além de Dilma, o candidato ao governo do estado, Osmar Dias (PDT) e os candidatos ao Senado, Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Ao pedir votos para Dilma, o presidente disse que muitos projetos de seu governo foram gerenciados pela petista. "Essa é uma mulher para quem eu daria um talão de cheque assinado em branco." Ele também desejou melhor sorte à petista com relação ao Congresso. "Peço a Deus que ela não tenha o Senado que eu tive, um Senado que mesquinhamente cortou R$ 40 bi­­lhões da Saúde", disse o presidente em uma referência ao fim da CPMF.

O presidente e os candidatos demonstraram estar com um discurso afinado, relembrando ações conjuntas do passado, elogiando-se mutuamente e alfinetando os adversários, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores do Paraná.

"O Brasil tem lugares especiais onde se depositam as vidas e sonhos das pessoas. Aqui é um desses lugares", afirmou Dilma, que discursou por 15 minutos. Ela lembrou de outros comícios realizados no local, como em 2002, quando o presidente Lula venceu a disputa pela Presidência contra José Serra (PSDB). Sem citar nomes, Dilma afirmou que "esse mesmo adversário" levou pessoas ao programa eleitoral gratuito para dizerem que tinham medo de que o petista vencesse a eleição. "Naquela época, a esperança venceu o medo. Esperança que tinha sido construída aqui também na Boca Maldita. Agora vamos vencer o medo, não só com a esperança mas com as realizações do presidente Lula."

Osmar admitiu que, em razão da demora para fechar a aliança, demorou a falar "companheiros e companheiras". "Demorou para fazer essa aliança, demorou para sair essa candidatura, demorou para falar ‘companheiros e companheiras’. E eu não quero mais esquecer", disse. "Não queremos voltar ao tempo do apagão, ao tempo em que se vendia empresa pública neste estado e neste país. Aqui é proibido pensar em vender empresa pública."

Lula se emocionou e começou a chorar, apoiado pelo público aos gritos de "Lula eu te amo!". "Esse presidente é um chorão, mesmo", exclamou Osmar. O petista deve fazer comícios em Londrina e Maringá em breve.

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