A história recente do Brasil mostra a importância dos jovens na construção da democracia e do processo político. Alguns exemplos são os episódios de resistência à ditadura militar, das Diretas Já e dos Caras Pintadas.
Nas eleições de hoje (3), mais de 24 milhões de jovens entre 16 e 24 anos de idade poderão votar. Mas a maneira de eles se organizarem tem mudado, segundo o cientista político e professor da Universidade Federal do Pará, Carlos Augusto. "A organização principal, ela não é presencial, ela é virtual, fundamentalmente. Eles têm usado muito os meios de comunicação da internet, os blogs, o e-mail, as comunidades virtuais, pra se comunicar", disse.
Apesar de o voto para jovens de 16 e 17 anos ser facultativo, há quem faça questão de participar da escolha dos candidatos, como a estudante mineira Bárbara Olímpia, de 16 anos. "Eu posso cobrar isso depois. Eu não posso sair por aí reclamando sem eu ter feito pelo menos a minha parte. E eu acho que quando a gente vota é quando a gente realmente se torna um cidadão".
A adolescente disse que conhece poucos estudantes menores de 18 anos que também tiraram o título de eleitor. Segundo ela, muitos jovens se mostram descrentes com a política brasileira. Dados do Tribunal Superior Eleitoral apontam que o número de eleitores menores de 18 anos diminuiu. Em 2006, eram mais 2,5 milhões. Em 2010, caiu para 2,3 milhões.
Para o cientista político da Universidade Federal do Pará, Edir Veiga, os partidos deveriam se aproximar dos jovens nas escolas e nas universidades, já que atualmente é mais difícil o jovem, por si só, se interessar pela política. "Porque a atividade política é uma atividade das mais descredibilizadas do Brasil e da América Latina. Por si só, os espetáculos tenebrosos de escândalos envolvendo deputados é um estímulo poderoso para que a juventude veja a política com muito ceticismo", disse.
Mas esse sentimento de descontentamento com a política brasileira que afeta alguns jovens não impede outros de procurar diferentes formas de exercer a sua cidadania, como explica a secretária nacional do Movimento Meninos e Meninas de Rua, Júlia Deptulski. "Temos outros espaços políticos importantes como os grêmios estudantis, os fóruns nacionais, estaduais e municipais de adolescentes, temos as associações de moradores, então nós temos vários espaços importantes de que o jovem precisa participar; ele tem que estar preparado pra entrar no debate e exigir que a gente coloque no país, no estado e no nosso município pessoas com caráter, pessoas com capacidade e pessoas para governar a nossa nação".
A mesma avaliação tem Vitor Beltrão, de 27 anos. Ele faz parte da Central Única das Favelas (Cufa), em Belém (PA), e desenvolve várias atividades para ajudar os jovens de comunidades pobres da cidade. "Todo mundo tem que fazer o seu próprio movimento, cada um vai plantar uma semente e colher bons frutos, dependendo da sua participação na política".
O presidente da União Nacional dos Estudantes, Augusto Chaga, defende a adoção de medidas que incentivem a participação cada vez maior dos jovens na vida política do país. "Eleição é de fato um momento fundamental, em que a sociedade toda se mobiliza, o conjunto da população está mais propenso a debater temas comuns, que são temas coletivos, a juventude precisa participar, é por isso que a gente incentiva a questão do voto aos 16 anos, mas obviamente que, de fora do momento eleitoral, a juventude precisa de mobilizar, precisa se organizar", afirmou.
Para muitos jovens, a educação ainda é o tema que mais chama a atenção entre as propostas dos candidatos. Mas eles também estão interessados em saber o que se pode esperar nas áreas de saúde, segurança e emprego. Adriana da Rocha, de 22 anos, acrescenta mais uma preocupação. Segundo ela, a juventude busca acima de tudo decência na política. "Eu espero que estas eleições sejam justas e que os candidatos que não tenham o passado sujo e que tenham feito grandes coisas nos seus estados possam vir para mudar um pouco o cenário político brasileiro. Acho que nós precisamos ter uma força mais jovem, de mudança mesmo, que os jovens tomem mais essa postura enérgica de 'nós somos uma força, nós temos força', e espero que as pessoas se posicionem de uma forma diferente diante da política".
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