São Paulo e Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, enviou ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um requerimento pedindo que investigue a tentativa do ex-candidato Joaquim Roriz (PSC) de contratar o genro do ministro do STF Ayres Britto com o intuito de deixá-lo impedido de julgar seu caso. O requerimento foi enviado na manhã de ontem a pedido do próprio ministro Ayres Britto, de acordo com nota divulgada pela assessoria de comunicação do STF.
A Folha de S.Paulo divulgou vídeo gravado por Roriz que o mostra negociando a contratação de Adriano Borges para atuar em seu recurso ao Supremo contra a Lei do Ficha Limpa. Na gravação, eles discutem valores e Adriano revela ter consciência de que sua participação deixaria o ministro impedido.
Eles não entram em acordo, porém, pois Adriano Borges queria trabalhar na causa com uma equipe, sendo o advogado principal da causa, enquanto Roriz só quer participação formal e isolada do advogado para gerar o impedimento. Roriz chega a oferecer R$ 1 milhão para que Borges "não faça nada", mas o advogado diz que "quer trabalhar" e não ser mero "coadjuvante".
A negociação garantiria vitória do ex-governador. Borges é marido e sócio de Adrielle Ayres Britto, filha do ministro, também citada na negociação. O ministro nega participação e diz que, quando soube da tentativa de contratação, orientou o genro a "pular fora" porque era uma manobra de Roriz.
Roriz era candidato ao governo do Distrito Federal. Como a Lei da Ficha Limpa o impedia de manter a candidatura, entrou com o recurso no STF. O julgamento decidiria o futuro de todos os candidatos barrados pela lei. No entanto, houve empate entre os 10 ministros do STF. Como uma das 11 cadeiras está vaga, com a aposentadoria de Eros Grau, n]ão houve desempate, e Roriz acabou retirando sua candidatura. Foi substituído na campanha por sua esposa, Weslian Roriz.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, também determinou apuração do caso. O caso será apurado Tribunal de Ética e Disciplina da Seccional da OAB do DF. O presidente da OAB manifestou solidariedade ao ministro Carlos Ayres Britto. Segundo ele, Britto é um dos maiores defensores da aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições deste ano". "Pela forma como tem se posicionado ao longo de sua trajetória no Judiciário, estou convencido que o ministro Ayres Britto não teve conhecimento das negociações", disse o presidente da OAB.
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