A senadora Marina Silva, que foi candidata à Presidência da República pelo Partido Verde (PV), disse nesta terça-feira (26) que o eleitorado está "cansado do confronto". Em São Paulo, após participar de uma palestra sobre educação feita pelo ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, na Universidade Anhembi Morumbi, ela avaliou que não está sendo feita uma "leitura" do primeiro turno nesta segunda etapa das eleições.
"A lição é de que no segundo turno a gente tem que ler o primeiro turno. Eu acho que não estão fazendo a leitura do primeiro turno. O primeiro turno sinalizou com algo importante que as pessoas estão cansadas do confronto, as pessoas querem o encontro do Brasil com o que interessa para o Brasil, na educação, na saúde, na segurança pública, na infra-estrutura, e na política que precisa avançar", disse.
A senadora disse também que seu partido avalia que suas propostas têm tido um "acolhimento maior" por parte da candidata petista, Dilma Rousseff, em comparação com o candidato tucano, José Serra. Porém, segundo Marina, isso não impede que mudanças ocorram até a realização do segundo turno das eleições.
"Eu fiz questão de que a proposta de cada candidato, a resposta de cada candidato fosse apresentada a nós do PV por escrito. Justamente para evitar que fizéssemos interpretações sobre as questões que eles estavam se comprometendo. E a avaliação da direção é que houve um acolhimento maior por parte da candidata Dilma e um acolhimento menor da parte do candidato Serra, mas isso não impede que os dois possam até o dia 31 de outubro ampliar o acolhimento das propostas que apresentamos, e não impede inclusive que depois do segundo turno aquele que for eleito, no processo de transição, ainda possa se comprometer com as propostas relevantes. O importante é que nós acertamos ao apresentar as propostas e dar oportunidade aos candidatos de progressivamente irem se comprometendo com elas".
Marina falou que não assistiu o debate promovido pela TV Record entre os dois candidatos promovido na noite de segunda-feira (25), mas disse lamentar a falta de um debate mais aprofundado.
"Eu acho que estão perdendo uma grande oportunidade, que é a bênção do segundo turno, de poder aprofundar os debates, de debater com profundidade as questões que interessam para o Brasil e resvalando para o velho embate e o vale-tudo eleitoral. A crítica pode ser feita, precisa ser feita, o que a gente não pode é ter um olhar apenas para o negativo, discutir idéias, discutir projetos, ter uma visão antecipatória do pais, é isso que falta. E eu acho que o perfil gerencial dos dois não consegue tirá-los da caixinha de ficar discutindo número, tabela, ou então fazendo o embate", disse.
"Lamentavelmente não é isso que está se refletindo nos debates [a apresentação de propostas], nos debates esses temas [como a educação] estão passando ao largo, por isso não é uma questão puramente declaratória, é algo que precisa ser internalizado do ponto de vista do compromisso e do aprofundamento das questões", lamentou Marina Silva.
A senadora se dirigiu para um almoço com o ex-primeiro ministro britânico depois da palestra. "Espero que possamos falar mais sobre educação", disse.