Requião será aliado, diz candidata
Além de pedir votos para o candidato do PV ao Senado, Rubens Heinrg, ao falar para os moradores da Vila das Torres a presidenciável Marina Silva citou o nome do candidato do PMDB a senador, o ex-governador Roberto Requião, como um possível aliado caso venha a ser eleita. Ela lembrou que nas eleições deste ano dois candidatos ao Senado serão escolhidos as opções seriam Hering e Requião, cuja eleição ela já dá como praticamente certa. "Neste ano tem dois votos para o Senado. Um deles é o voto da razão e cada um tem a sua. O outro voto pode ser dado com o coração e, neste caso, o eleitor deve votar em nosso candidato", disse Marina.
Perguntada sobre as condições de governabilidade caso seja eleita, Marina disse que não seria "refém de fisiologismos". "Não precisamos de atravessadores na política. Para governar não é preciso ser refém de fisiologismos", afirmou. "Quero fazer uma aliança programática com parlamentares que tenham uma ideia de administração alinhada às nossas, com preocupações sociais e com o meio ambiente, independentemente do partido a que pertençam."
Uma das mais antigas favelas de Curitiba, a Vila das Torres, no bairro do Jardim Botânico, foi o local escolhido pela candidata à Presidência Marina Silva (PV) em sua primeira visita de campanha a Curitiba, ontem pela manhã. A passagem pela cidade foi estratégica: além de Marina ter visitado uma localidade com as características de mobilização social pregada em sua campanha, na capital paranaense a ex-ministra do Meio Ambiente tem um porcentual de intenções de voto superior à sua média nacional. A ideia é reforçar a presença da candidata nesses redutos para tentar levá-la ao segundo turno.
Foi a primeira vez que a Vila das Torres recebeu a visita de um candidato à Presidência. Para a campanha de Marina, que prega o crescimento econômico e a inclusão social aliados ao desenvolvimento sustentável, a escolha foi emblemática: a vila é responsável por mais de 70% da reciclagem do lixo do centro de Curitiba e mantém projetos sociais de iniciativa da própria comunidade. Além disso, enfrenta os problemas típicos de localidades carentes de todo o país, como moradias precárias, falta de saneamento básico e violência. Atualmente, os moradores vivem em meio a uma "guerra" entre duas quadrilhas que disputam o domínio do tráfico na região.
Marina caminhou pelas ruas da vila, cumprimentou moradores e inaugurou uma "Casa de Marina", iniciativa da campanha que transforma casas de eleitores em comitês. "Quero agradecer a acolhida e dizer que todos os moradores agora são vizinhos de Marina. Pude ver uma experiência muito bonita que mostra que é possível uma integração entre agentes sociais das comunidades", disse a candidata. "Percebi que a Vila das Torres cuida de si mesma, mesmo com as dificuldades. A comunidade mantém um restaurante para alimentar o corpo, uma biblioteca para alimentar o espírito e um museu para lembrar a história deste bairro e todas as conquistas que esta comunidade unida conseguiu."
A candidata visitou projetos sociais e ambientais mantidos pela associação dos moradores da comunidade: a sede e o refeitório do Centro de Apoio ao Trabalhador Ambiental, a Biblioteca Jovem Cidadã e o Museu Comunitário.
Primeiro tempo
Ao discursar ao lado do candidato do PV ao governo, Paulo Salamuni, e do candidato do partido ao Senado, Rubens Hering, Marina usou uma metáfora futebolística para dizer que ainda está no páreo, apesar de aparecer em terceiro lugar nas pesquisas desde o início da campanha. "Ainda estamos aos 15 minutos do primeiro tempo, temos a partida inteira para jogar", afirmou. Ela espera fazer uma votação expressiva em Curitiba, o que torna a capital paranaense um local estratégico em seu plano de chegar ao segundo turno. "Curitiba é uma cidade de vanguarda. Acredito que os eleitores daqui percebem no meu projeto mensagens bem próximas daquelas que a cidade sempre apresentou como referencia ao país."
Segundo Marina, a estratégia para chegar ao 2.º turno é "tirar o eleitor do anonimato". "Nossa campanha já é vitoriosa por conseguir fazer as pessoas se interessarem espontaneamente pela política. Nós queremos trazer o eleitor para o centro da discussão", disse. "Em nossas vidas pessoais sempre é indicado pensarmos duas vezes antes de fazermos escolhas importantes. Eleições em dois turnos dão a chance de pensarmos duas vezes antes de entregar o destino do país a quem quer que seja. Quero estar lá como a alternativa para consolidar as conquistas, corrigir os erros e apontar novos desafios."
O candidato ao governo Paulo Salamuni recordou sua relação com a Vila das Torres, quando defendeu os moradores de uma tentativa de desapropriação, em 1979. Ele também lembrou que, como vereador de Curitiba, foi o autor do projeto que propôs a realização de um plebiscito para a mudança do nome do local. À tarde, Marina e Salamuni estiveram em Maringá, no Noroeste do estado.
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