O julgamento sobre a Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (27), foi marcado pela troca de farpas e ironias entre os ministros. A validade da norma para as eleições deste ano e a aplicação da lei dividiram o plenário do tribunal pela segunda vez. Diante do impasse, o julgamento do recurso do deputado federal Jader Barbalho (PMDB) foi desempatado com a manutenção da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o tema.
As discussões começaram quando o ministro Gilmar Mendes, que votou contra a aplicação da lei neste ano, acusou o TSE de decidir com "casuísmo" sobre os casos de ficha limpa e afirmou que a lei teria "endereço certo", de interferir nas eleições para o governo do Distrito Federal (DF).
"Nesse caso específico, a lei tinha endereço certo. Era para resolver a eleição no Distrito Federal. O projeto de relatoria é de Cardozo [deputado federal do PT por São Paulo, Luiz Eduardo Cardozo, hoje coordenador da campanha de Dilma Rousseff]. Ela [lei] é considerada reprovável, reprovada e hedionda", afirmou Mendes, ao se referir ao julgamento em que o TSE liberou o registro do deputado eleito Valdemar Costa Neto.
Nesse caso específico, a lei tinha endereço certo. Era para resolver a eleição no Distrito Federal. "Ministro Gilmar Mendes, durante julgamento da ficha limpa nesta quartaAs afirmações de Gilmar Mendes sobre casos julgados no TSE provocaram a reação do presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandoswki. "Repilo veementemente as acusações", disse.
A ministra Carmén Lúcia, relatora do caso de Costa Neto no TSE, também repudiou a afirmação de Mendes. "Desde o primeiro ano de direito a gente aprende a tratar os iguais como iguais e desiguais como desiguais. É preciso conhecer antes o caso para falar sobre ele", disse a ministra.
Diante das críticas de Mendes à condução dada à ficha limpa no TSE, o ministro Ricardo Lewandowski , que também é presidente do TSE, se rebelou contra o colega. "Não refute meu ponto de vista", afirmou.
Durante seu voto, Mendes disse: "Não podemos, em nome do moralismo, chancelar normas que podem flertar com o nazi-facismo".
O clima de tensão entre os ministros ficou ainda mais evidente depois da proposta da defesa de Jader Barbalho para suspender o julgamento. Em diversos momentos do julgamento, os ministros falavam ao mesmo tempo.
Repilo veementemente as acusações"Ministro Ricardo Lewandowski, em resposta a Gilmar Mendes"A questão já foi amplamente debatida. Durante 11 horas no primeiro julgamento e, agora, mais cinco [horas] e a proposta é que adie mais uma vez? Nós estamos aqui a brincar?", questionou o relator do recurso, Joaquim Barbosa.
Em meio ao debate, a ministra Ellen Gracie pediu que Marco Aurélio Mello concluísse seu posicionamento sobre a sugestão da defesa. Ele respondeu em tom de ataque. "Vossa Excelência está presidindo este tribunal? Ministra, não me cobre definição. Se há alguém que se posiciona com coerência sou eu. Ou Vossa Excelência tem viagem marcada?"
A ministra rebateu o colega na mesma hora. "Ainda que tivesse, o respeito pelo tempo alheio é algo que se impõe." Em diálogo semelhante, Ayres Britto também pediu a conclusão do voto de Marco Aurélio, que reagiu. "Não aceito fórceps. Vossa Excelência saberá quando eu concluir meu voto."
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