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O procurador da República Silvio Luís Martins de Oliveira pediu nesta segunda-feira (16) uma investigação sobre as suspeitas de lavagem de dinheiro por parte da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Um ofício foi enviado por ele ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que chefia o órgão responsável por apurar acusações contra governadores de estado. No documento, Silvio de Oliveira, que atua no Ministério Público Federal em São Paulo, aponta que as operações entre Roseana e o Banco Santos - reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo - são "a princípio, ilícitas".

No domingo (15), o jornal publicou documentos que estão nos arquivos do Banco Santos mostrando que a governadora e o seu marido, Jorge Murad, teriam simulado um empréstimo de R$ 4,5 milhões para resgatar US$ 1,5 milhão que possuíam no exterior. Em entrevista ao Estado, o administrador judicial do banco, Vânio Aguiar, confirmou que os papéis estão nos arquivos oficiais da instituição bancária.

O procurador do MP Federal Silvio de Oliveira é o responsável, entre outras coisas, pela ação criminal contra Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos e amigo íntimo da família Sarney. Edemar, aliás, é padrinho de casamento de Roseana e Jorge Murad. O processo sobre o caso do Banco Santos encontra-se parado na Justiça Federal. Condenado a 21 anos de prisão, Edemar recorreu e responde em liberdade. Ele chegou a ser preso. O Banco Santos quebrou em novembro de 2004 e sua falência foi decretada no ano seguinte.

A entrada do Ministério Público Federal no caso pode ajudar a identificar a operação financeira que teria ocorrido no exterior envolvendo a governadora do Maranhão. Segundo e-mails que estão nos arquivos do Banco Santos, os dólares foram transferidos por meio de uma conta do banco suíço UBS, onde Edemar seria cliente. O empréstimo de R$ 4,5 milhões foi liberado no Brasil no dia 29 de julho de 2004 e, segundo os documentos, US$ 1,5 milhão foram depositados cinco dias depois numa conta externa. As investigações sobre a falência do Banco Santos mostram que o ex-banqueiro, sem aval para operar oficialmente no exterior, usava offshores laranjas para receber recursos fora do Brasil.

O dinheiro seria usado para a empresa Bel-Sul Participações, de Roseana e Murad, comprar ações em um shopping em São Luís e outro no Rio de Janeiro. A transação envolveu ainda mais um aliado da família Sarney: Miguel Ethel Sobrinho, ex-presidente da Caixa Econômica no governo de José Sarney e, até o ano passado, conselheiro da fundação que leva o nome do presidente do Senado. Miguel Ethel detém 50% da Participa Empreendimentos, empresa que vendeu as ações dos shoppings .

No domingo, o Estado mostrou que o empréstimo foi regularizado no Brasil poucos dias antes da intervenção judicial no Banco Santos em 12 de novembro de 2004. O dinheiro foi liberado no dia 29 de julho daquele ano, mas só em 5 de novembro - uma semana antes da quebra do banco e da decretação da intervenção da Justiça - as garantias foram registradas, conforme certidões obtidas pela reportagem num cartório em São Paulo. Ou seja, quando o Banco Santos liberou o empréstimo em julho não havia formalização de fiança bancária. Roseana nega as suspeitas sobre lavagem de dinheiro e afirma que o empréstimo foi regular no Brasil.

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