Ao mesmo tempo em que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, esquiva-se de fazer compromissos sobre o tema aborto a fim de se aproximar das igrejas e cristãos, as Mulheres do PT e a comissão suprapartidária encarregada de debater o programa de governo da petista pregam mais abertamente o debate da legislação vigente e mudanças comportamentais.
Para as mulheres - do PT e de partidos da coligação - envolvidas nas discussões do programa de governo, Dilma, se eleita presidente, deve "estimular a revisão da legislação que restringe a autonomia da mulher sobre seu próprio corpo, gerando problemas de saúde pública".
A afirmação é feita em documento divulgado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, elaborado após realização da plenária nacional nos dias 11 e 12 de junho. Foi divulgado na última edição do jornal Movimentos, do PT, dias depois de Dilma ter lançado sua "Carta aberta ao povo de Deus", em que joga ao Congresso a responsabilidade de "encontrar o ponto de equilíbrio" em relação a temas como aborto e a união civil de homossexuais.
Genérico
Dirigentes da sigla negam que o documento tenha divergências em relação ao pensamento da candidata. Cuidadoso, o texto não menciona as palavras "descriminação do aborto". "Estamos tratando isso de forma muito genérica. O governo de Dilma não vai fazer qualquer proposição nesse sentido", afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), integrante da comissão encarregada de elaborar o programa de governo neste setor.