A campanha dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) apelaram para discursos carregados de termos emotivos, músicas e depoimentos de aliados ou de eleitores para reforçar o último dia do programa eleitoral no rádio e na tevê. Os dois programas também abusaram de imagens de crianças e mulheres grávidas.
De acordo com a cientista política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é normal que o último programa eleitoral seja carregado de emoção. "Esses fatores relacionados à emoção são usados para criar um vínculo com o eleitorado. Por isso fica mais carregado nesse último dia de campanha", comenta. Na avaliação dela, esse discurso emotivo pode ser capaz de mexer com a escolha do eleitor, principalmente aquele que ainda não está firme em sua escolha.
Na propaganda da candidata petista, foi destacada a trajetória política de Luiz Inácio Lula da Silva e feita uma comparação entre o voto no primeiro presidente operário do país com o na primeira candidata mulher. "O programa vincula o feminino à ideia de cuidado. Apresenta a ideia de Lula paternalista e vem com Dilma assumindo a imagem de uma mãe", analisa o professor de ética e política Bianco Zalmora, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O programa de campanha da petista iniciou com um discurso basicamente emotivo, tendo como tema central o sonho. "O Brasil agora sabe que pode sonhar com os pés no chão. Sonhar e fazer com que seus sonhos se realizem", diz o locutor. Em seguida, Dilma aparece para dizer que a caminhada eleitoral está se encerrando. "Uma caminhada que renovou meu amor e minha fé nesse Brasil que estamos construindo lado a lado."
As palavras de Serra também foram carregadas de termos emotivos, como "esperança" e "coragem". "O novo Brasil vai nascer da nossa coragem, da nossa união [...]. Eu tenho fé no novo Brasil, de economia, verde e forte. Pois é o novo Brasil da verdade, da paz e da união que estou vendo nascer." O programa de Serra foi encerrado com um balé representando a pluralidade étnica do país, ao som do jingle "O Serra é do bem".
Apesar do discurso e da música no final, na avaliação do marketeiro Carlos Manhanelli, mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, o último programa tucano pecou por não ter tido mais emoção. Para ele, os tucanos não foram tão bem quanto os petistas. "O programa do PSDB foi uma colcha de retalhos, repetiram imagens. Faltou criatividade, afirmou. "O PT usou novas imagens, segmentou o discurso e jogou com a emoção na dose certa."
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