Novatos, herdeiros e veteranos no Congresso

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A escalação da nova Câmara Federal é eclética. Tem velhos conhecidos, como o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ), que ressurge como candidato mais votado no Rio de Janeiro, apesar de o TRE-RJ ter mantido a decisão de mantê-lo inelegível até 2011. Não faltarão em Brasília, tampouco, neófitos ilustres, a exemplo do artilheiro tetracampeão do mundo Romário (PSB-RJ) e do advogado e filósofo Gabriel Chalita (PSB-SP), que foi vereador em Cachoeira Paulista e secretário de Educação do estado de São Paulo no governo de José Serra, de quem dizem ser uma espécie de guru.

Com 50 livros no currículo, muitos de autoajuda, inclusive em parceria com o padre Fábio de Melo, Chalita só perdeu em número de votos para o palhaço Tiririca (PR-SP) (leia reportagem na página 12), que terá, possivelmente, a companhia na capital federal de outro nome das artes cênicas nacionais, o ator Stepan Nercessian (PPS-RJ). O astro adolescente do filme Marcelo Zona Sul (1970) deve sair da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para o Congresso Nacional. Até o fechamento desta edição era o 21.º mais votado em seu estado.

Linhagem

Mas também haverá, entre os deputados federais eleitos, políticos de sobrenome, descendentes de políticos de carreira e renome no cenário nacional. Apesar de o PT ter feito barba e cabelo na Bahia, reelegendo o governador Jaques Wagner e colocando no Senado Walter Pinheiro, Antonio Carlos Magalhães Neto, do DEM, foi o mais votado no estado de seu avô, que por décadas foi senhor absoluto nas terras de Jorge Amado.

Em Alagoas, por sua vez, Renan Calheiros Filho (PMDB) foi o deputado federal mais votado, enquanto seu pai foi eleito para o Senado. Tudo em família. O mesmo vale para Ana Arraes (PSB), recordista de votos em Pernambuco, como seu filho, o governador reeleito Eduardo Campos. E para o deputado Sarney Filho, que festejou sua eleição, enquanto a irmã Roseana disputava voto a voto o posto de governadora do Maranhão, torcendo para levar já no primeiro turno.

No Paraná, Zeca Dirceu, filho do ex-Chefe da Casa Civil José Dirceu (PT), conquistou seu lugar em Brasília – foi o 15.º colocado no pleito. Filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, Rodrigo Maia (DEM) também colocou no bolso novo mandato.

E se Joaquim Roriz e sua esposa não triunfaram no primeito turno da corrida pelo governo do Distrito Federal, assombrados pelo Ficha Limpa, as filhas do casal tiveram melhor sorte. Jaqueline Roriz foi a terceira mais votada para deputada federal, com 100.051 votos, e sua irmã, Liliane Roriz (PRTB), foi a quinta candidata mais votada para deputada distrital.

Entre os veteranos da política com presença confirmada na Câmara Federal estão a ex-prefeita de São Paulo Luíza Erundina, reeleita e em décimo lugar entre os mais votados de seu estado. Chico Alencar, do PSol, perdeu apenas para Garotinho no Rio de Janeiro. No Paraná, o ex-ministro da Previdência e da Agricultura Reinhold Stephanes (PMDB) foi o 22.º colocado.

No Rio Grande do Sul, o PT fez bonito. Dos 31 deputados federais eleitos, oito, ou seja, quase um quarto da bancada gaúcha, pertencem ao partido do governador eleito Tarson Genro.