A divulgação da primeira prestação parcial de contas dos candidatos às eleições deste ano revelou que, na maioria dos casos, os candidatos à reeleição ou que são apoiados pelo atual governante conseguiram mais doações do que os outros no primeiro mês de campanha. A situação se repete na disputa presidencial e em quatro dos seis maiores colégios eleitorais do Brasil, incluindo o Paraná. Os números mostram ainda que o senador paranaense Osmar Dias, candidato ao governo do estado pelo PDT, é o que mais recebeu proporcionalmente ao número de eleitores. Até agora, o pedetista arrecadou R$ 0,67 por eleitor.
Na disputa presidencial, a petista Dilma Rousseff, apoiada pelo presidente Lula, já arrecadou R$ 11,6 milhões. A quantia é quase o dobro do valor arrecadado por seus dois principais adversários juntos. Enquanto Marina Silva (PV) recebeu R$ 4,65 milhões em doações, José Serra (PSDB) arrecadou R$ 3,6 milhões.
Uma diferença ainda maior aparece nos números da campanha ao governo do Rio de Janeiro: o governador Sérgio Cabral (PMDB), que tenta a reeleição, arrecadou 47 vezes mais que o oposicionista Fernando Gabeira (PV) R$ 4,7 milhões contra R$ 100 mil. No Paraná, Osmar já recebeu R$ 5,1 milhões de doações. O valor é 155% superior ao valor obtido por seu principal adversário, Beto Richa (PSDB), que é de R$ 2 milhões.
Além de ter arrecadado mais que todos os adversários no Paraná, Osmar é o candidato que mais recebeu doações proporcionalmente ao total de eleitores, considerando-se a disputa presidencial e os seis maiores colégios eleitorais do país. Em um mês de campanha, foram R$ 0,67 arrecadados por eleitor paranaense. O valor é 67,5% maior que o segundo colocado da lista, o carioca Sérgio Cabral, que recebeu até agora R$ 0,40 por eleitor.
Expectativa de vitória
Para o professor de Ciência Política da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, em muitos casos a maior arrecadação dos candidatos da situação se explica pelo favoritismo deles, conforme apontam as pesquisas até agora. "O financiador segue a lógica tendencial e investe em quem imagina que vai vencer", diz. "A expectativa de poder representa um prognóstico muito favorável aos candidatos da situação."
A opinião é compartilhada pelo professor de Ciência Política e Direito Constitucional Carlos Luiz Strapazzon. "Quem financia campanhas eleitorais não o faz por ideologia, mas por interesses econômicos", afirma. "Pode ser pela manutenção de políticas que interessem a eles ou por questões mais específicas, como a manutenção de contratos já existentes, por exemplo."
Em relação à arrecadação de Osmar Dias, Strapazzon atribui os números à "eficiência da coligação PDT, PMDB e PT em busca de apoio e financiadores". O professor destaca que em um mês o pedetista já arrecadou quantia próxima ao valor total de doações de 2006, que foi de R$ 7,2 milhões.
"Trata-se de uma coligação poderosa, que reúne os partidos que estão no comando dos governos federal e estadual, além de envolver os candidatos favoritos na disputa ao Senado", diz Oliveira.
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