Para o cientista político Émerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná, a primeira pesquisa Datafolha/RPC da campanha oficial para o governo do Paraná mostra um quadro apertado entre Osmar Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB). Segundo o professor, o levantamento indica que a aposta de Osmar de só sair candidato se tivesse o apoio do PT e do PMDB foi acertada.
A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira pela RPC TV e neste sábado pela Gazeta do Povo, mostrou empate técnico entre os dois candidatos, dentro da margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Richa apareceu com 43% das intenções de voto, contra 38% de Osmar. Paulo Salamuni (PV) teve 1%. Disseram estar indecisos 14%. Brancos e nulos somaram 3%.
O que a pesquisa revela sobre o quadro eleitoral do Paraná?
Essa situação de empate técnico mostra uma certa recuperação da campanha de Osmar Dias. Beto Richa vinha fazendo trabalho no interior do estado há vários meses e tinha diferença maior no período pré-eleitoral. Nas pesquisas da época, Beto aparecia com cerca de 10 pontos porcentuais de vantagem. Tudo indica que os arranjos políticos e as coligações acabaram favorecendo Osmar. Aparentemente, a decisão de deixar o anúncio da candidatura para a última hora, esperando apoio de PT e PMDB, foi uma estratégia acertada. Provavelmente o fato de Osmar estar perto de Richa seja consequência da entrada do PMDB, que tem o maior número de prefeituras no Paraná e tem o governo do estado.
É possível identificar alguma tendência?
É provável que os dois permaneçam nessa situação de empate técnico até o início do horário eleitoral gratuito [em agosto]. Eu costumo dividir uma eleição em três períodos. O primeiro vai desde quando a campanha começa até o início do horário eleitoral gratuito. O segundo são as três semanas iniciais do programa de tevê. E o terceiro, a reta final, as duas semanas antes da eleição. Pelo menos nesta primeira fase, o empate deve persistir.
O empate técnico pode levar a uma maior agressividade na campanha?
Eu acho difícil [haver agressividade] diretamente entre os dois candidatos. Eles são muito parecidos, estão no mesmo lado do espectro político e estiveram juntos em eleições passadas. Acredito que um só deve subir o tom contra o outro se a eleição chegar perto do final empatada.
As últimas eleições no Paraná têm sido sempre apertadas. É uma tendência?
Essa eleição estadual, assim como as últimas, será polarizada. Foi assim entre Osmar e Roberto Requião em 2006. E entre o Requião e o Jaime Lerner, em 1998 nesta, como nem havia uma terceira via, a eleição acabou sendo decidida no primeiro turno, mesmo havendo uma diferença pequena de votos entre os dois.
O que vai decidir a eleição? Será o horário eleitoral gratuito?
O horário eleitoral gratuito é importante para definir os conteúdos que serão discutidos na campanha. O que vai definir o voto não é o marketing nem o horário eleitoral. O que dá o voto no Paraná é o apoio das lideranças, dos prefeitos, dos deputados. Se o governo do estado estiver empenhado em eleger Osmar e conseguir transferir apoio, ele ganha mais força. Outro fator importante e que ainda não está claro é se haverá uma "federalização" da campanha. Ou seja: se o apoio dos candidatos a presidente será ou não fundamental.
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Serviço: A pesquisa Datafolha ouviu 1.225 eleitores entre os dias 20 e 23 de julho e foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número 20158/2010. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais.
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