Onda tucana não chega à Câmara

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A onda tucana que elegeu Beto Richa governador do estado e fez de José Serra o candidato à Pre­­si­­dência mais votado no Paraná não chegou na Câmara Federal. A ma­­ior parte da bancada eleita no estado continua a ser formada por in­­tegrantes de partidos da atual base de apoio ao governo Lula. Das 30 cadeiras de deputado federal a que o Paraná tem direito, 21 ficaram com partidos governistas – três a mais que na eleição de 2006. A re­­novação da bancada paranaense no Legislativo federal foi de 33%.

"Foram duas eleições, uma para o governo do estado e outra para o Legislativo. A onda azul [que se caracterizou com a eleição de Richa no estado e a conquista da maioria dos votos para Serra no Paraná, entre os candidatos à Presidência] não se refletiu na eleição do Legislativo", observa o cientista político Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na avaliação de Tomio, o fato de a maioria da bancada federal ser da base governista não deve significar que Beto Richa terá problemas com o grupo. "Esse fator [dos partidos] não influencia tanto na relação do governador com a bancada federal", diz.

Legendas

O partido que mais conquistou cadeiras foi o PMDB, que elegeu seis deputados federais. No entanto, apesar de ainda compor a maior parte da bancada do Paraná na Câmara Federal, o partido perdeu duas vagas em relação à eleição de 2006, quando elegeu oito parlamentares. O PT – que estava coligado com o PMDB – conseguiu fazer cinco cadeiras, o que estava dentro das previsões das lideranças da legenda.

Dos partidos que compõem a atual base de apoio do governo federal, a surpresa foi o PSC. Puxado por Ratinho Júnior, o candidato a deputado federal mais votado do estado, a legenda conquistou quatro cadeiras – uma a mais que o previsto pelo próprio partido. Na legislatura passada, o PSC não conseguiu eleger nenhum deputado federal pelo estado. Os dois deputados do Paraná que hoje são do PSC trocaram as legendas pelas quais se elegeram em 2006 depois de assumir o mandato na Câmara Federal.

Do lado da oposição, o destaque foi a redução da bancada do DEM. O partido elegeu apenas dois deputados federais paranaenses neste ano – Eduardo Sciarra e Abelardo Lupion. Na eleição de 2006, foram seis cadeiras. A queda já era prevista por líderes da legenda. Um dos principais motivos seria o fato de políticos tradicionais do partido, como Cássio Taniguchi e Alceni Guerra, não terem se candidatado.

Os tucanos perderam uma das vagas que têm hoje na Câmara, tendo conquistado três cadeiras da bancada federal, duas a menos que o previsto pelas lideranças do partido. O PP conseguiu o mesmo número de vagas que o PSDB. O partido concorreu coligado com tucanos e DEM na eleição para deputado federal no Paraná, mas hoje compõe a base de apoio do governo Lula em Brasília.

Indefinição

A composição da bancada paranaense na Câmara Federal ainda corre o risco de ser alterada. Isso porque, por um entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os votos dos candidatos que ainda recorrem para ter o registro de candidatura validado não foram computados. Caso essas candidaturas sejam liberadas, haverá alterações no quociente eleitoral o que pode resultar em mudanças de bancada.

Ao todo, o Paraná tem 26 candidatos a deputado federal com o registro ainda pendente. Entre os que esperam uma decisão da Justiça Eleitoral estão Geraldo Cartário (PDT) e Iris Simões (PR), que foram enquadrados na lei da Ficha Limpa. Os dois ainda aguardam um posicionamento do Supremo sobre a validade da lei já nesta eleição. Os votos de Cartário e Simões não foram computados. De acordo com o TSE, a votação dos candidatos com registro indeferido será divulgada posteriormente.