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O tucano Aloysio Nunes Ferreira aparecia atrás do cantor Netinho nas pesquisas, mas foi eleito com 11 milhões de votos | Wiliam Volcov/AE
O tucano Aloysio Nunes Ferreira aparecia atrás do cantor Netinho nas pesquisas, mas foi eleito com 11 milhões de votos| Foto: Wiliam Volcov/AE
  • Importantes nomes de oposição ao governo Lula ficaram de fora do Senado: Marco Maciel, Tasso Jereissati e César Maia

A oposição perdeu espaço e a ala governista elegeu uma forte bancada de parlamentares aliados no Senado. PMDB e PT, os dois principais partidos de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passam a ser os donos das duas maiores bancadas da Casa, com uma soma que pode chegar a 36 senadores – o número vai depender da análise da Justiça Eleitoral de casos de candidatos sub judice por conta da Lei da Ficha Limpa. Pelo menos quatro importantes nomes de oposição ao governo ficaram de fora – Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE), César Maia (DEM-RJ) e Marco Maciel (DEM-PE).Com esse resultado, o bloco de partidos da base aliada de Lula e da candidata do PT, Dilma Rousseff, terá uma ampla maioria capaz de brecar, por exemplo, qualquer pedido de instalação de CPI.

Somados os 54 candidatos eleitos neste domingo com os 27 que têm direito a cumprir ainda quatro anos de mandato, o PT passará a ter 15 senadores (atulmente são 8) e o PMDB, 19 ou 21 (até 4 a mais), dependem da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para os casos de Jader Barbalho (PA), que pode ter sido o mais votado no estado, e do tucano Cássio Cunha Lima, na Paraíba, que também não teve os votos divulgados. Se Cunha Lima for impugnado, Wilson Santiago (PMDB) ficaria com a vaga. Para o governo, fazer uma bancada forte no Senado era uma questão central na estratégia de garantir sustentabilidade para Dilma Rousseff na Casa, caso ela consiga garantir sua eleição. Caso José Serra (PSDB) vire a eleição, o fortalecimento de sua base passaria por aliança com o PMDB.

"O Senado foi o grande centro de oposição ao longo do segundo mandato de Lula, provocando uma derrota expressiva no caso da cobrança da CPMF. Mas o resultado de ontem trouxe um importante avanço da bancada pró-governo, deixando de fora veteranos da oposição", diz o sociólogo Ricardo Oliveira, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Essa vitória posicional no Senado foi o melhor resultado que o governo conseguiu nestas eleições."

Por outro lado, a oposição garantiu duas vitórias estratégicas. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) está muito fortalecido e, para o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mário Sérgio Lepre, deve ser o novo líder da oposição no Senado. "Como potencial candidato na próxima eleição para presidente, Aécio precisa construir esse caminho."

O mesmo deve acontecer com o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Em uma votação surpreendente, ele foi eleito com 11 milhões de votos – apesar de aparecer em terceiro lugar nas pesquisas, atrás do cantor Netinho. Homem forte do governo Serra no estado de São Paulo, Aloysio teve como seu principal cabo eleitoral o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Neste cenário, Lepre diz ainda que o senador pelo Paraná, Alvaro Dias, também deve ganhar importância como figura de oposição. Ao contrário de Gleise Hoffmann e Ro­­berto Requião, aliados do governo.

O professor acredita que o país perde com a nova configuração da Casa. "Se a Dilma vender, ficará mais fácil aprovar mudanças na direção que ela quer. Mas para o país, é importante ter mais oposição no Senado, um espaço no qual o debate é fundamental."

Rejeição

O eleitor rejeitou nas urnas dois dos principais personagens do recente escândalo no Senado: os senadores Efraim Morais (DEM-PB), investigado por fraudes em licitações e suspeito de contratar funcionários fantasmas, e Heráclito Fortes (DEM-PI), atual primeiro-secretário do Senado, responsável por cuidar da gestão administrativa da Casa. Por outro lado, o ex-diretor-geral Agaciel Maia (PTN) foi eleito deputado distrital pelo Distrito Federal. É a primeira eleição disputada por Agaciel, apontado pelo Ministério Público Federal, em denúncia recente, como mentor dos atos secretos revelados pelo Estado no ano passado.

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