A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou na tarde de ontem que mesmo que tenha havido violação de sigilos fiscais na Receita, não há indício de interesse eleitoral, já que isso ocorreu em 2009, mais de seis meses antes do início oficial da campanha. "Eu não era candidata, não era pré-candidata, não tinha candidatura nem pré-candidatura", afirmou em Brasília, após gravar para a propaganda eleitoral na tevê.
Dilma disse em entrevista coletiva que é fundamental que a Receita aprimore seus controles para evitar episódios de violação de sigilos fiscais e disse que situações como essa não podem ser encaradas com naturalidade. "Eu tenho cá pra mim que é fundamental que, como são dados fiscais de milhões de brasileiros, que a Receita tenha uma rigidez muito grande, primeiro com fortalecimento de mecanismos de segurança de banco de dados; segundo, não é possível conviver com vazamentos. Portanto, há que investigar e há que se punir caso se detecte algum mal feito e há que se excluir funcionário também", afirmou Dilma. "Não se pode tratar questão de vazamento de forma leniente", completou a candidata.
Fragilidade
Questionada se esses episódios todos de quebra de sigilo, que mostram uma fragilização da Receita, demandavam a demissão do atual secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, Dilma afirmou que é preciso ter cuidado para que, em momentos eleitorais, não se cometam "leviandades" contra o órgão. "Não acho correto que, por causa da disputa eleitoral de 2010, a gente comprometa um órgão da qualidade e do profissionalismo da Receita Federal. Pode ter falhas, mas não é possível a gente de forma leviana tratar a Receita como um órgão fragilizado. A Receita Federal do Brasil tem uma história e serviços prestados ao país e não pode a gente tratar dessa forma tão leviana. Vamos apurar e ter calma. Se pessoas erraram, foram pessoas e não a instituição. E é preciso cuidado para não cometer injustiças", disse Dilma, afirmando ainda que não vê prejuízos para a campanha dela.
Fernando Collor
A petista também se manifestou sobre a vinculação de seu nome ao do ex-presidente Fernando Collor, explorada na propaganda de Serra. Collor é candidato ao governo de Alagoas e apoia Dilma. Apesar disso, ela evitou declarar apoio a ele. "Eu tenho uma trajetória de vida um pouco diferente da trajetória de vida do presidente Collor", afirmou. Diante do questionamento sobre se compartilha de suas posições éticas, respondeu: "Compartilho das minhas. E as minhas são bem claras".