Juiz Nicolau Konkel Júnior: decisões tomadas para proteger o eleitor| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

O juiz auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) Nicolau Konkel Júnior disse ontem que o maior risco para o eleitor é ter conhecimento de "pesquisas equivocadas". Segundo Konkel Júnior, que decidiu pela suspensão da divulgação de duas pesquisas do Datafolha, o Judiciário agiu com total isenção. O magistrado nega ter havido censura prévia. "O TRE está preocupado com a veracidade das pesquisas. Quando o TRE decide, decide a favor do eleitor."

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As declarações do juiz foram dadas durante entrevista coletiva marcada pelo TRE-PR para esclarecer os motivos que levaram o Tribunal à suspensão de pesquisas. O juiz explicou que a primeira pesquisa Datafolha foi suspensa por causa da ordem das perguntas no questionário. Segundo o magistrado, a pergunta de intenção de votos ao governo do estado vinha logo após a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Era possível que a pesquisa conduzisse o eleitor a determinada resposta", disse.

Outro ponto observado é que o registro do Datafolha não trazia critérios de ponderação (correção) num possível erro da amostra referente à escolaridade e ao nível econômico do eleitorado, de acordo com o magistrado. Segundo o juiz, a segunda pesquisa Datafolha insistiu no problema e foi suspensa.

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O juiz Konkel Júnior disse que as últimas pesquisas divulgadas não receberam questionamento na Justiça por parte dos candidatos. Para o juiz, talvez a pergunta que fica é por que a coligação que fez os últimos requerimentos não o fez antes. O advogado Ivan Bonilha, coordenador jurídico da campanha de Richa, disse que nenhum outro pedido de suspensão de pesquisas foi feito por enquanto.

Uma nova pesquisa do Ibope está prevista para ser divulgada no próximo sábado. Segundo a diretora executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, a nova pesquisa foi registrada com as modificações pedidas pela Justiça Eleitoral. O TRE suspendeu a divulgação do Ibope na semana passada pelo fato de o instituto não ter detalhado os porcentuais que seriam entrevistados de homens, de mulheres, quais faixas etárias e quais os graus de escolaridade.

Confiáveis

Para o professor de Estatística Elias Krainski, da UFPR, é preciso dizer que o tipo de amostragem usado pelas pesquisas de intenção de voto não é tão preciso quanto o usado pelo IBGE, por exemplo. "O IBGE usa um sistema chamado amostragem complexa. O que os institutos usam é a amostragem por cotas", diz ele.

Na amostragem por cotas, os institutos buscam representar a sociedade em seus principais elementos: divisão por faixa etária, gênero, escolaridade, etc. Mas a representatividade é menos precisa. "Na verdade, há estudos mostrando inclusive que a margem de erro nesses casos é maior do que a divulgada", diz o professor. Mas ele ressalta que as pesquisas são uma opção viável, já que a amostragem complexa é muito cara. E as pesquisas têm se mostrado, diz ele, razoavelmente confiáveis na estimação das proporções de votos. "Eu não estaria muito preocupado com isso", diz ele.

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