São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou ontem que é "irrelevante" o fato de a gráfica que imprimia panfletos contra a adversária Dilma Rousseff (PT) pertencer à irmã de um coordenador de sua campanha. "O fato de a gráfica ser de parente de alguém ligado à campanha é totalmente irrelevante", disse. Para ele, associar a gráfica e sua campanha é "procurar pelo em casca de ovo". "Há uma relação lícita entre um cliente e uma gráfica e nossa campanha não tem nada a ver com isso", afirmou Serra.
Depois de receber o apoio dos candidatos a governador derrotados no Rio, Fernando Gabeira, e em São Paulo, Fábio Feldmann, ambos do PV, Serra disse aos jornalistas que responderia a perguntas "dependendo do assunto". Questionado sobre a gráfica, o candidato encerrou o que seria uma coletiva de imprensa. Ao lado de Feldmann e Gabeira, o tucano demonstrou irritação com os temas abordados e deixou o comitê do PV cercado por seguranças.
Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da Mitra Diocesana de Guarulhos. Questionado se o caso poderia afetar sua campanha como o da ex-ministra Erenice Guerra fez na de Dilma, o tucano afirmou que a situação é totalmente diferente. "Um envolve dinheiro público e o outro é factoide", respondeu.
Sérgio Kobayashi, coordenador da campanha tucana e irmão de uma das donas gráfica, Arlety Satiko Kobayashi, atribuiu a uma coincidência o fato de a Pana ter sua irmã como sócia. A assessoria da campanha de Serra negou qualquer relação entre o candidato e a produção dos panfletos, nem por meio de encomenda, financiamento ou indicação de gráfica.
"A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT [Central Única dos Trabalhadores]", diz a nota.
Dilma Rousseff considerou "lamentável" o vínculo entre o PSDB e panfletos. "Lamento profundamente o uso desses métodos. A Legislação eleitoral proíbe e configura crime. Se houver ligação com o PSDB, acho que é lamentável que isso tenha acontecido".
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