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Confira quem a partilha das receitas partidárias privilegia |
Confira quem a partilha das receitas partidárias privilegia| Foto:

Divisão do bolo é um mistério

São poucos os candidatos que sabem explicar de como a distribuição de recursos partidários é feita dentro das legendas. Para a maio­­­ria deles, o tema ainda é uma espécie de tabu. E parte se sente constrangida ao falar sobre o assunto.

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  • Confira os candidatos mais beneficiados de cada partido

Os principais partidos políticos paranaenses já tiraram do próprio bolso nesta campanha eleitoral cerca de R$ 3,5 milhões para ajudar a eleger seus candidatos a deputado federal e estadual. Mas as legendas, ao doar recursos partidários aos filiados, criaram uma espécie de "apartheid financeiro": alguns concorrentes são escolhidos para receber muito dinheiro enquanto outros ficam com pouco ou nada. E, em geral, quanto mais próximo à direção partidária é o candidato, mais dinheiro para gastar na eleição ele tem.

O dinheiro doado pelos partidos aos candidatos – cuja origem são as verbas do fundo partidário ou doações ocultas de financiadores que não querem aparecer na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral – normalmente é dividido para dois tipos de candidatos: os dirigentes da legenda e os chamados "puxadores de voto" – concorrentes com maior potencial eleitoral, capazes de fazer uma votação expressiva e, assim, ajudar a eleger outros candidatos do partido devido ao sistema eleitoral.

São exemplos de "puxadores de voto", de acordo com levantamento feito pela Gazeta do Povo, o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PMDB), os deputados federais Hidekazu Takayama (PSC), Luiz Carlos Hauly (PSDB), e Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro José Dirceu e ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste. Juntos, os quatro candidatos receberam R$ 695 mil do bolo partidário (veja relação no gráfico).

Os deputados federais Abelardo Lupion (DEM), Fernando Giacobo (PR) e André Vargas (PT) e a deputada estadual Cida Borghetti (PP) são alguns dos concorrentes que compõe a outra ala – são dirigentes de legendas ou são bem próximos aos líderes de seus partidos.

O caso mais emblemático é o de Lupion, presidente estadual do DEM. Candidato à reeleição à Câmara dos Deputados, Lupion declarou na segunda prestação de contas no TSE ter recebido R$ 270 mil do partido. É o que mais obteve apoio financeiro dentro da legenda. Em segundo lugar aparece seu filho, Pedro Lupion, que concorre a uma cadeira na Assembleia, com uma ajuda de custos de R$ 130 mil.

"É a executiva nacional quem decide para onde vai o dinheiro, levando em conta os candidatos com mais chances e com menos chances", justifica Abelardo Lupion, se eximindo da decisão sobre a divisão do bolo partidário.

O DEM informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que repassou os R$ 400 mil à família Lupion por meio da modalidade "outros recursos". Ou seja, apenas intermediou o dinheiro aplicado por um "doador oculto", artimanha usada por empresas para permanecer no anonimato.

A prática é autorizada pelo TSE desde que a transação seja inteiramente identificada na prestação final de contas do partidos. "Eles já doam para o partido com destino certo", explicou Lupion.

A direção estadual do PMDB confirma a doação oculta direcionada. "É [dinheiro] carimbado, direcionado. As empresas têm suas preferências. Se são contra a reforma tributária, por exemplo, não vão ajudar os candidatos que apoiam a reforma. Tem de ter o perfil que eles querem", afirma o deputado estadual Waldyr Pugliesi, presidente estadual do PMDB, cuja legenda investiu, também via "outros recursos", R$ 100 mil nas campanhas de Stephanes e do deputado federal Moacir Micheletto. A mesma argumentação foi usada pelas direções regionais do PT e PSDB.

Há, contudo, siglas que preferem destinar aos concorrentes o dinheiro diretamente do fundo partidário – recursos repassados pelo governo federal para ajudar na administração das legendas. O deputado federal Chico da Princesa (PR) ganhou R$ 150 mil do partido – a legenda é a que mais distribuiu recursos no Paraná, investindo perto de R$ 1 milhão em apenas quatro candidatos. A executiva nacional do PR informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria os critérios de divisão "para não dar vantagem aos adversários". "O sigilo é de interesse partidário", informou a sigla.

Também do fundo partidário, o pequeno PRB destinou R$ 70 mil à campanha a deputado federal do candidato Pastor Oliveira. A doação, porém, não é de conhecimento do presidente da legenda no Paraná, o deputado estadual Edson Praczyk. "Por não termos representação mínima na Câmara Federal, praticamente não temos direito a verbas do fundo partidário. Portanto, não há repasse do partido aos candidatos. Na verdade, cada um faz sua campanha de acordo com as doações que recebe", afirmou.

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