Os pedidos de direito de resposta feitos pelos candidatos que se sentiram ofendidos na propaganda eleitoral gratuita adversária praticamente triplicaram no segundo turno da eleição presidencial, na comparação com o primeiro turno. Durante o período da exibição do horário eleitoral na tevê e no rádio de 17 de agosto a 1.º de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu 33 pedidos de resposta. Já no segundo turno foram feitas 93 representações, de 8 de outubro, início da exibição dos programas, até ontem.

CARREGANDO :)

O crescimento dos processos é mais uma prova do acirramento da campanha no segundo turno, entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). No horário eleitoral, os dois vêm trocando acusações e ressaltando escândalos envolvendo o oponente.

Por enquanto, o TSE concedeu dois direitos de resposta a Serra e nenhum para Dilma neste segundo turno. A primeira decisão favorável a Serra foi pelo uso da expressão "caixa dois" no programa da petista. A expressão foi usada ao relacionar um suposto desvio de R$ 4 milhões da campanha de Serra, noticiado pela revista IstoÉ. O direito de resposta foi concedido em oito inserções de 30 segundos na tevê e outras quatro no rádio.

Publicidade

Em uma nova propaganda, a campanha de Dilma alterou a frase para "suposto caixa dois na campanha de Serra". O tucano novamente entrou na Justiça e no último domingo teve seu pedido de direito de resposta concedido.

Também no domingo, Dilma questionou uma mensagem transmitida no programa de rádio de Serra. O trecho contestado, veiculado no sábado, liga a petista ao ex-deputado federal pelo PT José Dirceu. Para a coligação petista, a propaganda transmitiu ao ouvinte "fato sabidamente inverídico".

O TSE ainda está julgando as representações. A grande maioria é de autoria de Dilma e Serra. No entanto, foram feitos pedidos por José Dirceu; pelo ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto; e pelo diretor de engenharia da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza. O TSE negou todos e decidiu que só candidato, partido ou coligação têm legitimidade para requerer direito de resposta no horário gratuito junto à Justiça Eleitoral.

Ontem, o ministro do TSE Joelson Dias negou pedido de resposta a Serra, que alegou mensagens inverídicas na propaganda de 15 de setembro. A propaganda tratou de escolas técnicas e mobilização de força policial em greve na Universidade de São Paulo.

Análise

Publicidade

O doutor em Ciência Política e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Malco Camargos analisa que o candidato que tem pedido de resposta concedido ganha ao ocupar o tempo do adversário e reduzir a capacidade de comunicação do oponente. "O que um perde o outro ganha. Quem ganhou ganha duas vezes. Quem perdeu perde duas vezes." Para ele, a perda é maior do que se o programa tivesse sido suspenso.

Segundo Camargos, o aumento de pedidos de resposta mostra o acirramento. "É reflexo das estratégias da campanha de desconstrução dos adversários", afirma. "No primeiro turno, a campanha que liderou não se preocupou com o que o adversário estava falando. Já no segundo turno, a campanha se preocupou em desconstruir [a imagem do oponente]."

* * * * *

Interatividade

A estratégia de atacar o adversário no horário eleitoral favoreceu um dos candidatos na corrida presidencial?

Publicidade

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.brAs cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.