Se for eleita neste domingo, a petista Dilma Rousseff terá a sua disposição uma ampla maioria favorável a seu governo dentro do Congresso. Ao todo, as urnas produziram a eleição de 360 deputados e 57 senadores alinhados com seu eventual governo.

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Na prática, isso torna muito mais simples aprovar, por exemplo, mudanças constitucionais, que exigem o apoio de três quintos dos parlamentares das duas Casas em dois turnos de votação na Câmara e no Senado. Facilita também a derrubada de pedidos de abertura de comissões parlamentares de inquérito que possam investigar temas desconfortáveis para o governo.

Com isso, se for eleita, Dilma terá um cenário dentro do Congresso mais favorável do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou quando foi eleito pela primeira vez em 2002 e até mesmo depois de sua reeleição em 2006. Em oito anos de mandato, o presidente não teve problemas para controlar politicamente a Câmara dos Deputados, mas nunca conseguiu construir uma maioria dentro do Senado. No fim de 2007, os senadores produziram a maior derrota de Lula no Congresso com a derrubada do projeto que prorrogava a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

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Agora, se for eleita, Dilma terá uma bancada muito mais favorável, inclusive no Senado. E isso acontecerá mesmo se forem levadas em conta dissidências nas bancadas de partidos aliados da petista, como é o caso de PMDB e PP. Os peemedebistas passam a contar em 2011 com 21 senadores, mas três deles não devem se alinhar com Dilma: Jarbas Vasconcellos (PE), Luiz Henrique da Silveira (SC) e, possivelmente, Pedro Simon (RS). No PP, a senadora eleita Ana Amélia Lemos (RS) fez campanha a favor de Serra em seu estado.

Do lado oposto, Serra precisará de uma ampla costura política para formatar uma base de apoio a seu favor no Congresso. Hoje, teria a seu lado apenas 125 deputados e 22 senadores. Na Câmara, porém, a pulverização e volatilidade das bancadas facilita a atração de novos aliados, especialmente de partidos que sempre flutuam em torno do governo federal, seja ele qual for. Esse comportamento tem sido adotado por PMDB, PR, PP e PTB, entre outros. É improvável que não adotem o caminho de volta em direção a Serra.

O problema maior ocorrerá no Senado, onde o tucano precisaria enfrentar e dobrar senadores com posições políticas mais sólidas. Além disso, precisaria reorganizar suas principais lideranças na Casa, já que PSDB e DEM não conseguiram reeleger alguns de seus senadores mais importantes, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Marco Maciel (DEM-PE), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Heráclito Fortes (DEM-PI). Um trunfo seria a presença do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), que tem grande capacidade de articulação política.