Dilma, na reunião com evangélicos: promessa de não apoiar projeto que criminaliza a homofobia| Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

PT também fará defesa irrestrita da democracia

Em outra frente para tentar atrair os eleitores descontentes com o PT, o programa de governo de Dilma Rousseff vai pregar a defesa irrestrita da democracia e da liberdade de imprensa e de expressão – além da liberdade religiosa.

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Brasília e Teresina - De olho no voto do eleitor religioso, a candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, se comprometeu ontem, caso seja eleita, a não enviar ao Congresso Nacional projetos de lei para legalizar o aborto e a união civil entre homossexuais, para mudar o registro civil de transexuais e para criminalizar a homofobia. Todos esses pontos, agora renegados por Dilma, faziam parte da primeira versão do polêmico 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos, elaborado pelo governo Lula no ano passado.

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Em reunião realizada ontem no almoço em Brasília, com a presença do presidente Lula e de 51 lideranças evangélicas, ficou acertado que Dilma irá assinar uma carta assumindo esses compromissos e na qual ela garantirá a manutenção da liberdade religiosa no país.

"Não vamos enviar nenhuma lei deste tipo ao Congresso, com relação à lei de aborto e outras", disse Dilma horas mais tarde, em Teresina, Piauí. "Ficamos de discutir os termos de uma carta-compromisso. Agora, o grande compromisso que assumo, que o Estado é laico e não vai interferir em questão religiosas. O Estado não será de uma religião."

Dilma frisou também que a união civil entre homossexuais não é questão relativa à religião. Segundo ela, o casamento entre gays diz respeito às igrejas. Já a união estável é uma questão de Direito Civil entre cidadãos e não de caráter religioso, explicou.

Dilma disse também que não pode conceder direitos a um tirando o direito dos outros, ao se referir ao projeto de lei que criminaliza o preconceito contra homossexuais, condenado pelas igrejas evangélicas. "O preconceito contra o homossexual, temos que condenar. A parte relativa a criminalizar as igrejas, quando dentro delas existe manifestação que elas não aceitam [a homossexualidade], isso é um absurdo. Criminalizar é um excesso. Tem que ter equilíbrio. Não podemos exigir que as igrejas aceitem com aquilo que elas não concordam", disse a petista. "A lei pune a discriminação e o preconceito dele. Tem uma parte da lei [na verdade, o projeto de lei] que está errada, porque torna crime o que não deve ser crime."

A guinada conservadora na campanha da petista ocorre para estancar a perda de votos no segmento religioso, principalmente em função da posição anterior de Dilma em relação ao aborto. Em 2007, ela afirmou ser a favor da legalização da interrupção da gravidez – o que gerou uma forte reação contra a candidata entre padres, pastores e eleitores religiosos. No final do primeiro turna da eleição deste ano, Dilma mudou de posição. Mas não conseguiu reverter a insatisfação desse eleitorado – o que agora tentará fazer ao assinar a carta-compromisso.

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As lideranças evangélicas que se reuniram ontem com Dilma prometeram anunciar, nos cultos que celebram, o apoio à candidatura de petista.