Em visita à Aparecida, Dilma defende postura em debate na TV
A candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, defendeu a postura agressiva apresentada no debate presidencial na noite de domingo e aproveitou para criticar seu adversário José Serra (PSDB).
"Esperavam o quê? Que eu não defendesse as minhas posições? Que eu não apresentasse as minhas propostas? Que eu não criticasse a visão estratégica dele? Mas o debate é para isso", disse a jornalistas após visita ao Santuário Nacional em Aparecida, no interior de São Paulo.
No auditório do debate da TV Bandeirantes, formado por políticos convidados das duas campanhas, petistas eram só sorrisos para a nova postura da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), que mostrou as garras pela primeira vez para seu adversário, José Serra (PSDB).
Os tucanos demonstraram surpresa com a agressividade da oponente e diziam que o comportamento de Dilma era de perdedora, uma ironia, já que a candidata está sete pontos à frente de Serra na pesquisa Datafolha, até agora a primeira do segundo turno das eleições presidenciais.
Para o PT, Dilma levou ao palco do debate temas que a campanha tucana trata nos bastidores. "Serra tem uma campanha na TV e outra nos subterrâneos. Vamos acabar com essa hipocrisia", disse José Eduardo Dutra, presidente do partido, no domingo à noite.
Entre os tucanos, o comentário era comum. "A postura dela é de quem está perdendo. Quem está ganhando é light", disse o deputado Jutahy Magalhães Junior (BA), um dos peessedebistas mais próximos de Serra. Para ele, Dilma demonstrou postura agressiva e arrogante. Antes do início do debate, Jutahy chegou a dizer que os temas negativos iriam ficar de fora do programa, oferecendo como argumento a baixa audiência, comparada com outras emissoras.
O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), concordou que o debate daquela noite lembrava 2006, quando, no primeiro embate presidencial do segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele também foi duro. Em desvantagem nas pesquisas, a estratégia acabou sendo negativa para sua campanha. "Só que (aqui) foi invertido", limitou-se a dizer.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tinha ares de satisfeito. "É bom falar isso cara a cara", disse sobre Dilma. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, acredita que a candidata "sentiu necessidade de trazer às claras, olho no olho, o que era dito às escondidas". "Arrasou", resumiu a senadora eleita Marta Suplicy (PT), falando diretamente à candidata.
Bem mais "cool," o ex-ministro Antonio Palocci, um dos principais coordenadores da campanha petista, disse que "ela não fez ataque, fez perguntas", enquanto na análise do candidato a vice, deputado Michel Temer (PMDB), Dilma falou para a militância.
Dilma trouxe ao debate questões como a legalização do aborto, considerada uma das responsáveis pela perda de votos junto a eleitores católicos e evangélicos no primeiro turno.
A candidata usou expressões duras contra Serra como "eu lamento as suas mil caras" e "essa forma de campanha que usa o submundo é correta?" Afirmou ainda que a mulher de Serra, Monica, teria veiculado a informação de que a petista é "a favor da morte de criancinhas" e defendeu que "o professor não seja tratado a cassetete".
Serra reagiu dizendo que Dilma quer se "vitimizar" e admitiu que estava surpreso com sua agressividade.
Logo após o debate, Dilma justificou a tática como posição de segundo turno e não admitiu ter sido agressiva.
"Não é uma nova estratégia, é uma nova situação. É debate de segundo turno, em que as pessoas podem explicar de uma forma muito mais efetiva, muito mais dinâmica as suas posições. Quando tem mais candidatos, a roda gira e passa três para chegar em ti. Essa (no segundo turno) é uma forma mais límpida", explicou.
Serra declarou que a escolha do tom não foi dele. "Debate é feito a dois mais o moderador. Se o outro prefere escalar acusações, o debate muda a sua natureza. Eu pensava, se dependesse de mim, ter discutido mais propostas e programas concretos de governo", afirmou ao final.
Segundo a Bandeirantes, o debate teve média de 4 pontos no Ibope, com máxima de 6. O presidente do PT disse que há mais cinco convites de emissoras sendo analisados pela campanha para a realização de debates.
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