Impedidos de agredir um ao outro por um formato inteligente de debate, José Serra e Dilma Rousseff ficaram restritos a falar do que já fizeram e do que se comprometem a fazer. E, nessa situação, não se mostraram capazes de empolgar. Acabaram se perdendo em promessas vagas e repetindo algumas ideias básicas que expuseram ao longo de toda a campanha.
Sem terem o dom da retórica de outros candidatos, como o próprio Lula, que dominou as duas últimas eleições presidenciais, se agarraram a estratégias de marqueteiros. Algumas delas ficavam bastante evidentes, como repetir o nome do eleitor que fazia a pergunta em todas as vezes, dizer que todas as perguntas eram importantíssimas e oportunas.
Mas o mais importante foi a falta de ideias realmente inovadoras. Dilma e Serra repetiram números de unidades de saúde ou de escolas e de vagas; usaram de platitudes, ao dizer que são, por exemplo, a favor da educação da qualidade e contra a impunidade dos corruptos; mas não se mostraram à altura do debate ao esquecer de dizer qual é o grande projeto que teriam para o Brasil.
Ficou a impressão de que ambos consideram que a Presidência é meramente o cargo que compete a um gestor hábil, capaz de fazer mais por menos dinheiro. Como se a política se resumisse à arte de aplicar recursos escassos para construir mais obras públicas. Nenhum momento de visão de futuro, de entrega a um projeto maior. Nada a ver com o fim das ideologias. E, sim, com a falta de grandeza por parte dos dois presidenciáveis.
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