Poder dividido "meio a meio". Assento no Planalto, entre os "ministros da casa", e no Conselho Político que assessora o presidente da República. Henrique Meirelles na equipe econômica. Ministérios de "porteira fechada", os cargos de sempre nas estatais e postos de comando nas vedetes do petróleo, a Petrobras e a Petro-Sal. Senado e Câmara sob seu comando.

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Com a campanha eleitoral em curso e ainda a 42 dias da abertura das urnas, é com essa precisão cirúrgica, alimentada pela liderança nas pesquisas da candidata aliada, Dilma Rousseff (PT) que o PMDB já define as regras de ocupação do poder. Como presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), no posto de vice da chapa presidencial, o PMDB estima o tamanho da cota futura de poder baseado no argumento de que agora, se Dilma ganhar, o partido não é mais "um convidado", mas na verdade um dos "donos da casa", o Palácio do Planalto.

A diferença entre "convidado" e "dono da casa" deriva do fato, como explicam os peemedebistas, de que, um governo Dilma seria fruto da coalizão do PT com o PMDB, e não de simples aliança construída depois da vitória - o que aconteceu, por exemplo, nos governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

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Por isso é que o partido, na condição de sócio-proprietário, já dá como certa a presença de um representante no núcleo político do Palácio do Planalto. "Fomos o primeiro partido a assinar com o presidente Lula um compromisso de união política pela democracia, liberdade de imprensa e de opinião, respeito aos direitos humanos e aos movimentos sociais. Com Lula e com Dilma voltamos a ser o velho MDB, que combateu a ditadura", diz Moreira Franco, escalado para coordenar o programa de governo da candidata petista pelo lado do PMDB.

Depois de passar por uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal e assumir um lugar na coordenação da campanha presidencial, Moreira Franco sonha com um ministério: o das Cidades, que tentou criar na gestão Fernando Henrique Cardoso e só viu a proposta se concretizar no governo de Lula.

Como o partido conseguiu seis ministérios após aderir formalmente ao segundo governo Lula (2007-2010), passando a comandar orçamento superior a R$ 100 bilhões, o cenário pretendido na hipótese de vitoriosa a chapa PT-PMDB supera, em muito, as cifras e o atual espaço de poder.

A legenda, agora, quer assento no Palácio do Planalto, com participação garantida no núcleo da tradicional reunião das 9 horas com o presidente da República, e quer também ministérios em que os postos-chave não sejam divididos com outros aliados - a tal "porteira fechada". Além das estatais e da Petrobras e da futura Petro-Sal, o partido lembra que é candidato a também ratear poder nas agências reguladoras.

Pré-acerto

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Em matéria de cargos, o PMDB já tem até pré-acerto para fincar um pé na área econômica do futuro governo. O passaporte para o Ministério da Fazenda ou do Planejamento é o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que se filiou ao partido em setembro passado, a pedido do presidente Lula. Também foi Lula quem deu a Meirelles a carta de garantia de que, se vitoriosa a chapa de Dilma, seu lugar na equipe ministerial está garantido.

No fim de março, quando Meirelles já não tinha expectativas de se tornar o vice de Dilma, Lula o chamou ao Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo. "O PMDB não abre mão de Michel Temer. Então, peço que fique no Banco Central", disse Lula ao presidente do BC. Meirelles concordou em ficar, mas, em troca, o PMDB goiano arrancou de Lula e Dilma a promessa de que o atual responsável pela política de juros terá lugar no primeiro escalão do eventual governo da petista.

Além de Meirelles, outro nome que o PMDB dá como certo numa pasta específica é o do senador Edison Lobão (MA) à frente de Minas e Energia. Lobão conseguiu a proeza de conquistar Dilma, depois de chegar desacreditado a uma área com a qual tinha pouca intimidade, na condição de afilhado do presidente do Senado, José Sarney (AP).

A dupla Sarney e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) deve manter na administração Dilma a influência que teve na gestão Lula. O atual presidente não se esquece de que no Maranhão tem 97% de aprovação dos eleitores, maior até do que no Amazonas - onde, em 2006, saiu das urnas com 1 milhão de votos de vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin, com voto de apenas 176 mil eleitores.