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O promotor de Justiça José Carlos Blat anunciou no começo desta tarde (19), perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo, que denunciou criminalmente à Justiça o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por supostos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Caso a denúncia seja aceita, Vaccari se tornará réu em um processo criminal. O pedido segue agora para análise da 5ª Vara Criminal da capital paulista.

O tesoureiro do PT seria ouvido nesta tarde na Assembleia. Entretanto, de acordo com a assessoria da Casa, o advogado de Vaccari enviou ofício solicitando o adiamento do comparecimento dele à comissão. Por meio de sua assessoria de imprensa, o PT informou que Vaccari não vai se manifestar sobre a denúncia.

Blat informou aos deputados da CPI que investiga fraudes na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, criada por um núcleo do PT na década de 1990. Ele também requereu a quebra de sigilo bancário e fiscal de Vaccari. A denúncia do promotor foi protocolada às 10h57.

Vaccari foi diretor-administrativo da Bancoop e presidiu a cooperativa até março passado, quando afastou-se do cargo para assumir a função de tesoureiro do PT. O promotor investiga o caso Bancoop desde 2007. Na denúncia que apresentou nesta manhã à Justiça, ele aponta "negócios escusos da Bancoop, durante a gestão Vaccari Neto, inclusive relacionados a campanhas eleitorais".

Segundo o promotor, os desvios ocorreram por meio de saques feitos por funcionários na boca do caixa com cheques nominais, por meio da movimentação de uma empresa fantasma e por contratos de recompra de apartamentos. Segundo ele, esses contratos foram falsificados.

Blat afirma que uma "pequena parte" do dinheiro desviado foi para o PT. "A outra parte, que aí é realmente a grande quantidade, é de destino desconhecido", disse. Ele disse que não é possível dizer se houve destinação de dinheiro para campanhas eleitorais.

Defesa da Bancoop aponta falhasO advogado da Bancoop, Pedro Dallari, vê falhas na ação. "Muitos dos fatos apresentados se referem a ocorrências já de mais de cinco anos, que são referentes a outra gestão. Então, se mistura coisas que não têm a ver com a atual direção e coisas que tem a ver com a atual direção de uma maneira deliberada para gerar realmente um impacto forte com pouco esclarecimento", afirmou.

Dallari disse ainda que há "interesse político" no fato de a denúncia ter sido apresentada neste momento. "É um processo que dura quatro anos, um inquérito. Faltando dez dias para a eleição, é apresentada a denúncia com grande estrondo e sem que os dirigentes da cooperativa tenham sido ainda ouvidos. Eu não posso ter outra conclusão que não o interesse político."

Blat rebateu as insinuações. Disse que um laudo feito pelo Ministério Público sobre a movimentação bancária só ficou pronto na segunda (18) e que, por isso, apresentou a denúncia nesta terça. Segundo ele, a acusação é "impertinente".

"Doa a quem doer. O momento político não me interessa, o que me interessa é a proteção a essas vitimas que permaneceram durante anos aí vivendo um verdadeiro inferno. (...) Independentemente de ser momento eleitoral ou não, eu estou praticando a minha missão institucional, qual seja, oferecer a denúncia em juízo. Porque se assim fosse, a cada dois anos o Ministério Público teria que parar."

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