Começa nesta terça-feira (17) a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Às terças-feiras, quintas e sábados serão veiculados os programas dos candidatos à Presidência e à Câmara dos Deputados e às segundas, quartas e sextas-feiras, a exibição será aos concorrentes na disputa pelos governos estaduais, do Distrito Federal, ao Senado, e às assembleias legislativas e do DF.
"Esse será o período de consolidação do voto. O horário eleitoral gratuito é a maior fonte de informação do eleitor e tem mais efeito sobre pessoas que não tem firmeza dos seus votos", avalia o cientista político da Universidade de Brasília (UnB)Leonardo Barreto.
Ao todo, serão veiculados dois blocos de 50 minutos, de segunda a sábado (às 7h e às 12h no rádio e às 13h e às 20h30 na televisão horário de Brasília), segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre os três principais candidatos da Presidência, a candidata Dilma Rousseff (PT) é a que tem maior tempo de exposição nos programas, com dez minutos e 38 segundos. José Serra, do PSDB, terá sete minutos e 18 segundos para expor suas propostas e Marina Silva, do Partido Verde, um minuto e 23 segundos.
Leonardo Barreto acredita que os programas eleitorais deste ano repetirão a estratégica clássica do candidato que começa na frente nas pesquisas, no caso Dilma Rousseff, de adotar uma postura de falar de si e de seu programa de governo. "Quem vem atrás não tem o que fazer a não ser tentar mostrar os aspectos negativos [de quem lidera as pesquisas] e tentar virar o jogo", completou.
Para ele, a primeira semana de exposição na TV e as pesquisas eleitorais com o resultado da estratégia adotada pelos marqueteiros das respectivas campanhas vão consolidar essa tendência. "Se os resultados atuais se mantiverem como estão aí, não tem outra alternativa para quem está atrás [a não ser o ataque]", acrescentou.
O professor Paulo Kramer, também cientista político da UnB, afirmou que os programas de rádio e televisão serão "a última esperança" dos candidatos que chegam atrás nas pesquisas de intenção de voto. Para ele, existe um grande contingente de eleitores que podem mudar os votos, mas não se tem a dimensão do poder dos programas como fator de consolidação dessas mudanças.
Esse processo de mudança, para ele, torna-se mais difícil nas eleições de 2010 uma vez que "a economia está bem e os eleitores satisfeitos". Para modificar a atual tendência de votos registradas nas últimas pesquisas de diferentes institutos, Kramer ressalta que seriam necessários fatos "emoldurados em uma perspectiva nova e com credibilidade".
Neste último caso, o professor lembrou a campanha ao governo de Goiás, em 1998, quando o então candidato do PSDB, Marconi Perillo, tinha menos de 5% das intenções de voto a maioria a favor do peemedebista Íris Rezende. O tucano contratou o ator Pedro Bismarck, para personificar o seu principal personagem Nerso da Capitinga para desqualificar Íris. "Ali foi uma moldura pesada, uma maneira cruel de emoldurar o adversário que pegou", destacou Paulo Kramer.
Além dos programas em bloco, serão veiculadas inserções de até 60 segundos que totalizarão 30 minutos diários seis para cada cargo. Essas inserções serão veiculadas de segunda a domingo.
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