O outro lado
PT nega que punição seja norma; 22 petistas fizeram parte da Frente em Defesa da Vida na atual legislatura
O PT nega que tenha como norma expulsar ou mesmo punir parlamentares que se posicionem contrariamente à legalização do aborto. Os casos dos deputados Luiz Bassuma e de Henrique Afonso seriam exceções. Eles, segundo lideranças do partido, sofreram punições por tomarem decisões mais radicais, pedindo, por exemplo, a abertura de uma CPI do Aborto.
Três fatos marcam a carreira política do deputado federal Luiz Bassuma, paranaense eleito pela Bahia nas duas últimas legislaturas. O primeiro é a militância contra a legalização do aborto. Isso o levou a um polêmico julgamento interno no PT, em 2009. O mais inusitado, porém, foi ter supostamente incorporado um espírito enquanto presidia uma sessão solene na Câmara, em 2004.Bassuma conta que deixou Curitiba aos 23 anos e mudou-se para a Bahia após ser aprovado em um concurso da Petrobras. Aos 54 anos, acaba de disputar o governo baiano pelo PV. Fez 255 mil votos (4% dos votos válidos) e acabou em quarto lugar.
"Para uma campanha com recurso zero, o resultado foi muito bom", avalia. O parlamentar conta que não queria deixar o PT, mas que não teve outra opção. Em setembro do ano passado, ele e o colega deputado Henrique Afonso, do Acre, passaram por um julgamento interno do PT de dez horas por se posicionarem contra a legalização do aborto.
Bassuma perdeu os direitos partidários por um ano e Afonso, por três meses. "Não podia mais falar em plenário, participar de comissões nem nada. Em resumo, me tornaria um deputado-zumbi."
O curitibano reclama dos critérios usados para a punição, baseados em uma resolução do 3.º Congresso Nacional do partido, de 2007. "Eles contrariaram o artigo 67 do Estatuto do PT, que diz que nenhum filiado pode ser punido por questões filosóficas, religiosas e de foro íntimo. Há outros 15 parlamentares do partido que são contra o aborto, aceitaram se calar, e ficou por isso mesmo."
Na semana passada, mais uma polêmica marcou Bassuma. Em uma decisão individual, ele declarou apoio à candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência. Logo depois, a direção estadual do PV proibiu novos pronunciamentos.
Segundo ele, a preferência pelo tucano se deve justamente à ambiguidade de Dilma Rousseff (PT) quanto ao aborto. Ela já disse ser a favor. Na reta final do primeiro turno, afirmou ser contra. "Se ela é capaz de mentir sobre algo tão sério, o que dirá sobre outros temas? Não estou me posicionando nem pelo viés do assunto em si, mas porque em uma eleição presidencial não se pode trocar de opinião como se troca de camisa."
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