Veja o que pensam os candidatos| Foto:

Os principais candidatos paranaenses ao Senado dizem acreditar que fazer uma reforma política no Brasil é fundamental. No entanto, não creem que ela sairá do papel. Roberto Requião (PMDB), Gustavo Fruet (PSDB), Ricardo Barros (PP) e Gleisi Hoffmann (PT) não demonstram otimismo em relação à aprovação das medidas – há, neste momento, oito projetos de lei esperando para serem analisados em Brasília.

CARREGANDO :)

Os quatro concorrrentes são unânimes nas críticas ao atual sistema político brasileiro. "Há uma acomodação generalizada. Quem entra não quer mudar a regra. E assim a agenda do Congres­­­so é cada vez mais a agenda do presidente. A Dilma quer [a reforma política]? O Serra quer? Depende deles", diz o tucano Gustavo Fruet, em referência aos dois favoritos a substituir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República.

"Se o Congresso não encarar as reformas logo no seu primeiro ano de mandato, vai ser muito difícil puxar o tema de novo porque aí já vem ano eleitoral na sequência", emenda a petista Gleisi Hoffmann, que, entre outras sugestões, propõe o voto distrital misto e o financiamento público das campanhas (veja no quadro ao lado a opinião completa dos candidatos).

Publicidade

O ceticismo dos candidatos a uma cadeira no Senado é compartilhado por analistas políticos. "Os próximos congressistas não vão discutir isso, é quase uma utopia. Talvez em Pandora [cenário do filme Avatar], mas não no Brasil. Seguirão com o mesmo blá, blá, blá de sempre, sem que nada mude", afirma Wilson Ferreira, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal de Goiás (UFG).

"O Brasil nunca fez nenhuma reforma política, sempre o que se fez foram reforminhas de ocasião", acrescenta Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UnB), lembrando da Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de condenados pela Justiça em segundo grau, aprovado neste ano.

Mesmo desconfiado de que a reformulação integral da lei nunca chegará a ser votada em plenário, Ferreira sugere por onde iniciar a transformação. Para ele, é preciso reduzir drasticamente o número de partidos no país e mexer na representatividade por estado no Congresso. "Não é possível uma legenda de um político só, em que a bancada é ele mesmo. Se não agrega voto, que exista como uma organização me­­­nor, não como partido político", ressalta. "Um estado também não precisa de três senadores. Dois já é mais do que suficiente", diz.

Fabrício Tomio, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sugere a adoção de outra lei que mudaria a formatação dos mandatos dos senadores: o fim da figura do suplente. "É preciso lembrar que um senador é eleito para oito anos e que, durante a legislatura, em média ¼ do quadro muda. Há de se pensar em uma outra forma de ocupar essa suplência. Se o segundo senador [no caso da substituição de duas cadeiras como neste pleito] já não é muito conhecido, imagine o segundo suplente deste segundo senador", diz ele. A proposta é en­­­campada por Fruet, Barros e Gleisi. "O mais votado na sequência deve assumir em caso de necessidade", opina Barros.

A atual bancada dos "sem-voto" no Senado tem 17 representantes, de um total de 81 parlamentares (21%). "O espírito do brasileiro é conservador. O tempo vai passando e eles [políticos] vão levando com a barriga. E assim nasce a figura dos ‘cafetões da política’. Infelizmente", avalia Octaciano Nogueira.

Publicidade

Sabatinas

A Gazeta do Povo publica nesta semana uma série de entrevistas com os principais candidatos do Paraná ao Senado. Gleisi Hoffmann abre a sabatina. A petista será entrevistada hoje à tarde, na sede do jornal, por jornalistas da editoria de Vida Pública. A reportagem completa sairá na edição de amanhã. Vídeos com os melhores momentos da conversa também serão disponibilizados no site da Gazeta do Povo. Na sequência serão ouvidos ainda Gustavo Fruet (PSDB) e Ricardo Barros (PP) – até o fechamento desta edição Roberto Requião (PMDB) não havia confirmado presença.

Os candidatos terão de 40 minutos a 1 hora para falar o que pretendem fazer caso vençam a eleição em 3 de outubro. As entrevistas serão divididas em cinco tópicos: Biografia/Capacidades; Processo de Construção da Candidatura; Visão Política; Visão Legislativa; e Futuro. Os leitores também poderão enviar perguntas através do e-mail vidapublica@gazetadopovo.com.br.

* * * * * * * * *

Interatividade

Publicidade

Por que a reforma política é importante para o país? Ela sairá do papel?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.