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O índice de abstenção entre as tribos indígenas nos estados do Amazonas e de Roraima deve ser grande nessas eleições. O motivo é que a maioria dos índios não possui documento com foto, item obrigatório para ter acesso às urnas nas eleições 2010.

A crença é um dos principais fatores para que os índios não tenham documento com foto. A etnia dos ianomâmi é uma das que acredita no mito de que a alma é roubada pela fotografia. Em eleições anteriores, era necessário apenas o Título de Eleitor. Mas a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às vésperas do primeiro turno mudou as regras.

Muitos indígenas possuem o Rani, um documento administrativo do nascimento do índio, que é sua certidão de nascimento, mas o documento também não apresenta fotografia. Em Manicoré, a 350 Km de Manaus, eleitores das etnias tenharim e pirahã remaram durante horas até a seção eleitoral. Mesmo com o Título de Eleitor e o Rani em mãos, eles não puderam votar.

Na aldeia mundurucu o problema foi ainda maior. Mesmo com documento com foto expedido pela Funai, os indígenas dizem que não tiveram acesso às urnas. Algumas pessoas da Funai defendem que a exigência de um documento com foto na hora da votação fere o direito constitucional à liberdade de crença e de cultura e que a lei estaria desrespeitando a diferença do voto indígena.

Por conta da exigência de documento com foto, o índice de abestenção no segundo turno das eleições deve ser igual ao primeiro turno, quando 9 em cada 10 indígenas dos estados do Amazonas e de Roraima não votaram.

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