O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse hoje que a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ir à TV defender a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no caso da quebra de sigilos pela Receita Federal, lembra a reação que Lula teve quando surgiu o escândalo do mensalão, em 2005.
"É inconcebível que um presidente da República proceda dessa forma", disse Guerra, referindo-se à participação de Lula ontem no programa de Dilma, quando o presidente afirmou que o candidato tucano à Presidência, José Serra, "resolveu partir para os ataques pessoais e para a baixaria".
Em entrevista concedida hoje no comitê de campanha do PSDB em São Paulo, Guerra lembrou declarações do presidente, concedidas na época a uma TV francesa, minimizando a importância do mensalão - esquema denunciado pela oposição como de compra de votos de parlamentares e tratado pelos petistas apenas como distribuição de recursos de campanha não declarados. "A direção do PT fez o que é feito no Brasil sistematicamente", afirmou Lula, na ocasião.
Na avaliação do senador, Lula "subestima" a sociedade brasileira e está agindo com "irresponsabilidade funcional" ao ignorar o desrespeito aos direitos constitucionais e ao se omitir em relação ao combate ao suposto aparelhamento da Receita Federal por militantes políticos. "O presidente não pensou em nada disso foi lá e fez seu discurso panfletário, mentiroso e irresponsável", disse. "Ontem ele chegou ao limite", completou.
"Os aloprados de agora são a nova versão dos aloprados de ontem" comparou Guerra, lembrando outro caso envolvendo petistas - o da suposta compra de um dossiê contra Serra nas eleições de 2006.
Guerra criticoutambém as versões de governistas de que a quebra de sigilo de familiares de Serra e tucanos teria sido aleatória, sem objetivo político, mas como parte de um esquema ilegal de venda de informações dentro da Receita Federal. "Ficou muito claro que há objetivos políticos por trás dessas ações. A violação de sigilo do genro do Serra desmoraliza completamente as explicações", disse.
"Ninguém minimamente sensato terá suficiente inteligência, mesmo não tendo caráter, para imaginar que algo pudesse acontecer dessa maneira que o governo disse que aconteceu: sem conteúdo político", reforçou o tucano. Questionado sobre se referia ao presidente Lula quando falou em caráter, Guerra respondeu que não seria "leviano" de acusá-lo dessa forma. "Outros, no entanto eu chamaria de bandidos sem hesitar", respondeu, citando os 39 réus do processo judicial que apura o mensalão.
Justiça
Guerra afirmou que o partido estuda ingressar com medidas judiciais para apurar a quebra de sigilo fiscal de familiares de Serra e de pessoas ligadas ao PSDB. Ele não esclareceu quando nem de que forma essas medidas serão tomadas. "Evidente que isso não pode ficar desse jeito", afirmou.
O senador também refutou a hipótese de que o PSDB esteja atrás de vantagens eleitorais ao explorar o episódio de quebras de sigilo. "Não se trata da reação de quem está de olho em dois, três ou quatro pontos porcentuais numa pesquisa Ibope", disse. "Nosso partido e nossa aliança não vão ceder nem vão se calar."
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