O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou, nesta segunda-feira (6), que sua candidatura representa a "certeza", e a de sua principal adversária, Dilma Rousseff (PT), significa a "dúvida" no processo eleitoral. "Eu represento a certeza, sou conhecido, todos conhecem minha vida pública, que é pública de verdade", afirmou. "Dilma é a dúvida, dúvida em tudo", disse.
Ele comparou a escolha entre as duas candidaturas a um realejo. "Sem qualquer desmerecimento em relação à senadora Marina Silva (PV), a escolha vai acabar ficando entre uma coisa conhecida e um envelope fechado", afirmou. "O periquito vai lá e pega um papelzinho", afirmou, em sabatina no Grupo Estado.
Serra também disse que Dilma tem sido blindada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra. "Esse caso da Dilma é até original. Ela sequer debate temas de campanha, quem debate por ela parece ser o presidente Lula e o presidente do partido. Não conheço caso de 'ocultamento' de candidato como esse", afirmou.
Serra condenou a postura de Lula em relação ao episódio da quebra do sigilo de sua filha, Verônica Serra. "Acho que ele fez deboche sobre uma questão bastante séria", disse. Serra afirmou que Dilma vive à sombra de Lula e disse que a candidatura de sua adversária é uma invenção do presidente.
"Aqui em São Paulo temos um caso bastante parecido, que é o de Maluf (ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf), e a do Pitta (ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, que sucedeu Maluf)", afirmou. Na época, o então prefeito disse que, se Pitta fosse um mau prefeito, a população estaria autorizada a não votar mais em Maluf. "Isso é uma coisa de que a população se lembra. Ele nunca mais ganhou eleição majoritária depois", alertou.
Interesse eleitoral
José Serra afirmou que seu interesse na apuração do episódio da quebra de sigilo fiscal de sua filha não tem conotação eleitoral e nem o objetivo de levar as eleições para o segundo turno. "A questão não está posta deste jeito. O que houve foi um crime, uma invasão", disse. "Não acho que a principal questão seja eleitoral, tem a ver com a democracia, com o estilo de atuação do PT, que é um partido que convive com a democracia, mas não convive bem. Convive com desconforto, porque no fundo da sua alma não são democratas."
Serra voltou a dizer que a Receita Federal tem feito uma operação abafa em relação ao caso. "Eles têm procurado desde o começo atrapalhar a investigação", afirmou. Ele citou o ex-secretário da Receita Everardo Maciel e disse que o órgão tem agido como "cúmplice" no caso. "Existe uma espécie de sindicalização do órgão."