A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), classificou nesta quinta-feira (19) de "patética" o que chamou de tentativa do candidato tucano José Serra de se associar ao nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ela participou durante a tarde do 8º Congresso da Associação Nacional de Jornais (ANJ), no Rio de Janeiro, onde o tucano esteve pela manhã. Ao responder às críticas feitas por Serra sobre a relação do governo Lula com a imprensa, Dilma tentou apontar contradições no ataque do adversário, que tem usado o nome de Lula num jingle de campanha.
"Olha, eu acho estranho. Sabe por quê? Porque ao mesmo tempo o candidato tenta de uma forma muitas vezes patética ligar-se ao nome do presidente Lula. Fez oposição o tempo todo ao governo do presidente Lula, ao partido dele e ao que ele representa. Tem dia em que ele faz crítica, tem dia que tenta ligar o nome ao governo Lula. O candidato Serra é assim, fazer o quê?"
Questionada se o tucano eleva o tom por causa das pesquisas, Dilma afirmou que "não quer baixar o nível". "Não tenho condição de me posicionar sobre isso, fica a critério de vocês (jornalistas) analisar. Não sei o que dizer a respeito das diferentes oscilações do candidato, não posso me manifestar", afirmou Dilma, diante da insistência dos repórteres, em entrevista na saída do evento.
"Ô gente, eu vou falar uma coisa para vocês: não vou baixar o nível nessa eleição. Nem vem. Vou manter o nível elevado, vou discutir projetos e, inclusive, práticas", afirmou Dilma, que só decidiu ir ao congresso hoje, na companhia do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PMDB).
Declaração
No discurso que fez a uma plateia formada pela imprensa e representantes de empresas jornalísticas brasileiras e estrangeiras, Dilma se disse comprometida com a liberdade de expressão e, assim como Serra, assinou a Declaração de Chapultepec - documento lançado em 1994 no México em defesa da liberdade de imprensa.
"Meu conceito começa na pele. Liberdade de expressão e opinião, para mim, é no Brasil não ter cadeia por liberdade de opinião, por manifestação política, por direito de greve, pelo fato de os estudantes poderem fazer manifestações e passeatas. Há tantas coisas que hoje parecem normais e que a minha geração não viveu" afirmou Dilma.
Para a ex-ministra, todos no Brasil têm o dever ético de se comprometer com a democracia, sobretudo os jovens. "Prefiro críticas estampada do que o jornal tendo que estampar na primeira página receita de bolo ou texto do Camões, apesar de eu gostar do Camões", afirmou Dilma, referindo-se ao recurso utilizado pelo Estado de S. Paulo para evidenciar a ação da censura ao jornal durante o regime militar.
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