Enfim, eles falaram sobre ética
Assim como ocorreu nas entrevistas com Dilma e Marina, Willian Bonner e Fátima Bernardes não foram ao Jornal Nacional levantar bolas para José Serra cortar. Dos sete temas citados pelos entrevistadores, nenhum era positivo para o tucano. Acuado, ele reagiu com o que tinha em mãos.
Terceiro candidato à Presidência a ser entrevistado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, o tucano José Serra mostrou mais segurança que os adversários entrevistados anteriormente para responder às perguntas dos entrevistadores. Na tentativa de demonstrar que estava à vontade, o presidenciável até arriscou um "Já acabou?" nos instantes finais da entrevista de 12 minutos que foi ao ar ontem à noite. O candidato também aproveitou a entrevista para alfinetar a adversária Dilma Rousseff (PT) e o governo do presidente Lula.
Em duas vezes, disse que um presidente não pode governar "na garupa" ou ser "monitorado", em uma alusão à dependência de Dilma em relação ao presidente Lula. "As pessoas estão preocupadas com o futuro. Quem tem mais condições de tocar o Brasil para frente", afirmou o tucano. Serra também buscou desconstruir a discussão sobre a comparação entre o governo Lula e de Fernando Henrique Cardoso um dos pontos reforçados pela campanha de Dilma. "[Eles] governaram em períodos diferentes em circunstancias diferentes [...]. Não estamos fazendo uma disputa sobre o passado", disse o tucano.
Assim como na entrevista da presidenciável Marina Silva (PV), o mensalão foi tema de uma das perguntas ao tucano. No caso de Serra, ele teve de explicar por que o PSDB fechou aliança na eleição presidencial deste ano com o PTB, partido que esteve envolvido , em 2005, no escândalo do mensalão o presidente do PTB na época e atualmente, o ex-deputado Roberto Jéfferson, foi cassado por admitir ter recebido dinheiro do esquema.
Serra respondeu à questão com um ataque ao PT. "Quem está comigo sabe do jeito que eu trabalho. Eu não faço aquele loteamento de cargos. Para mim não tem grupinho de deputado indicando diretor financeiro de uma empresa, ou diretor de compras de outra. Pra que um deputado quer isso? Evidente que não é para ajudar em melhor desempenho. É para corrupção." Curiosamente, Roberto Jéfferson comentou, por meio do Twitter, que os entrevistadores, William Bonner e Fátima Bernardes, "foram mais amenos" com Serra do que com Dilma e Marina, entrevistadas na segunda e terça-feira, respectivamente.
Outro tema incômodo que Serra teve de enfrentar no Jornal Nacional foi a inexperiência do seu vice, o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ). Serra respondeu à questão fazendo elogios ao parlamentar. "Meu vice, jovem, ficha-limpa, preparado e do Rio é um vice adequado", afirmou. Antes disso, no entanto, lembrou que o partido trabalhava com a possibilidade de outro nome (Alvaro Dias), que não pode ser confirmado por "circunstâncias políticas".
Governador de São Paulo até março, Serra também foi questionado pelos jornalistas da Rede Globo sobre as elevadas tarifas dos pedágios nas estradas paulistas. Bonner perguntou se esse modelo seria expandido para o Brasil. O tucano não respondeu objetivamente. Acabou elogiando a qualidade das rodovias de São Paulo e criticando as federais.
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