Brasília - A Receita Federal vasculhou, em sequência e em um mesmo dia, os dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais três pessoas ligadas ao comando do partido. A operação foi revelada ontem pelo portal do jornal O Estado de S. Paulo. Até então, sabia-se que apenas os dados de Eduardo Jorge haviam sido acessados e vazados para um suposto dossiê que teria sido usado para a campanha da petista Dilma Rousseff. As consultas ocorreram num intervalo de 15 minutos e atingiram outros três nomes vinculados à direção tucana. No dia 8 de outubro de 2009, servidores do Fisco abriram, a partir do mesmo computador, os dados sigilosos de Eduardo Jorge e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado.
Essa revelação enfraquece a versão de acesso funcional aos dados de Eduardo Jorge e dá munição para a oposição acusar o governo de abrir sigilos sem motivação interna, mas com objetivos políticos para fabricar dossiês na campanha eleitoral. Mendonça é ex-ministro das Comunicações do governo de Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio foi diretor do Banco do Brasil na gestão tucana e Preciado é casado com uma prima de José Serra. Os nomes deles estão no processo aberto pela Corregedoria da Receita para saber quem e por que os dados de Eduardo Jorge foram acessados em terminais da delegacia da Receita Federal em Mauá (SP).
As informações com os quatro nomes ligados ao PSDB estão na página 435 do processo da Receita, que os classifica de "contribuintes que despertaram interesse na apuração". A investigação revela que os dados sigilosos protegidos pela Constituição foram abertos no computador da servidora Adeilda Ferreira Leão dos Santos, identificado pelo número "10.58.56.17" A senha era de Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva. Curiosamente, às 12h26, os dados fiscais da própria Adeilda foram abertos.
Um minuto depois, começou a sequência de consultas às informações dos tucanos. Às 12h27, foi aberta a declaração de renda de 2009 de Mendonça de Barros. Três minutos depois, às 12h30, acessaram os dados do empresário Gregorio Marin Preciado. Às 12h31, a declaração de renda de Ricardo Sérgio foi aberta. Às 12h43 daquele mesmo dia, o mesmo terminal acessou a declaração de renda de 2009 de Eduardo Jorge. 14 segundos depois, os dados referentes a 2008 foram abertos por um servidor da Receita.
Até o momento, o processo aberto pela Receita pouco avançou para descobrir e, dependendo da conclusão, punir quem acessou os dados fiscais de Eduardo Jorge e dos outros três personagens ligados ao PSDB. Em depoimento à Receita, a servidora Antonia Neves Silva alegou que repassou a senha a outras duas colegas de trabalho, e nega envolvimento na consulta às declarações de renda. As outras duas funcionárias, Ana Maria e Adeilda, também afirmam que não são responsáveis por abrir esses dados fiscais.
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