Apenas um erro gravíssimo da campanha petista poderia mudar o panorama de vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, segundo três especialistas de diferentes universidades entrevistados pela Gazeta do Povo. "Não há qualquer número que contrarie esse favoritismo", diz o cientista político e historiador Francisco Fonseca, da FGV-SP.
Além de aproveitar o apoio de Lula, avalia o professor, a candidata ascendeu nas intenções de voto porque superou grandes obstáculos logo no começo da campanha, como a rejeição entre o eleitorado feminino e a força dos tucanos em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil. "Agora só um fato político espetacular é capaz de remover essas conquistas. E é fato que ela tem errado pouco."
Especialista na análise de pesquisas quantitativas, o cientista político Emerson Cervi, da UFPR, explica que o desempenho atual de Dilma é idêntico ao de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994. "O FHC tinha o respaldo da boa aceitação do Plano Real junto à população. Todas as pesquisas também indicavam que ele venceria a eleição no primeiro turno com mais de um mês de antecedência."
O cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília, diz que a eleição está próxima de uma decisão prematura mais por falhas de Serra e do PSDB do que pela competência de Dilma e do PT. "O Serra se mostrou um sujeito muito teimoso, incapaz de aceitar qualquer tipo de conselho."
Para Nogueira, o erro do tucano não foi evitar os ataques a Lula, mas querer comparar-se ao presidente. "Ele não percebeu que, para o povo, só falta beatificar o Lula. Contra um presidente que tem 79% de aprovação popular, esse não é o melhor caminho."