Rede familiar de Erenice se espalha pelo governo
A rede de familiares da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra ocupando cargos no governo sem prestar concurso público estendeu-se até o Ministério do Planejamento. Sua ex-cunhada, a arquiteta Gabriela Pazzini Mueller Carvalho, ocupa um cargo de confiança na Secretaria de Patrimônio da União. Ela foi casada com Antonio Eudacy Alves Carvalho, irmão de Erenice.
Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar o contrato de R$ 6,2 milhões que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fechou com a Tecnet Comércio e Serviços Ltda, que emprega Cláudio Martins, filho do ministro de Comunicação Social e presidente do Conselho de Administração da estatal, Franklin Martins. A empresa foi contratada para cuidar do sistema de arquivos digitais da EBC, um dos grandes projetos do governo.
Ontem, o procurador Marinus Marsico, que representa o Ministério Público no TCU, anunciou que pretende pedir os documentos sobre a concorrência e investigar mais uma suspeita de tráfico de influência em meio ao escândalo que derrubou Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. "Estou estarrecido com tantos parentes ligados aos órgãos públicos", afirmou Marinus, que já apura os episódios envolvendo Erenice. "No caso da EBC, há conflito de interesse", ressaltou.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou ontem que o filho de Franklin Martins trabalha na Tecnet há pelo menos dois anos como representante comercial. De acordo com o comando da Tecnet, ele é o responsável pelos negócios de software e tecnologia da empresa no exterior e com as afiliadas do grupo. "Cuida prioritariamente do início da expansão internacional da empresa", disse a empresa, em nota.
A EBC é a única emissora de televisão brasileira cliente da Tecnet na área digital. A empresa é o braço operacional do grupo que dirige a RedeTV!. O procurador do TCU pretende investigar os motivos que levaram a EBC a acelerar a licitação no final do ano passado e os indícios de irregularidades na concorrência que deu vitória à Tecnet. O empresário Fábio Tsuzuki admitiu à reportagem que ajudou a comissão de licitação da EBC a elaborar o edital da licitação, ocorrida em 30 de dezembro do ano passado.
Ele é dono da empresa Media Portal, única adversária da Tecnet na concorrência. "Isso mostra uma relação promíscua no órgão público e é absolutamente irregular", disse Marinus Marsico. "Só preciso decidir qual o melhor caminho: solicitar os documentos ou já entrar com uma representação pedido abertura de processo", explicou o procurador do TCU.
A reportagem teve acesso a e-mails da própria ECB mencionando que o ministro deu "prioridade zero" a esse contrato e a um outro da área. Em outras mensagens, os funcionários lembram que é preciso dar "celeridade" a essas licitações, apesar de pareceres que mostravam a falta de recursos orçamentários para o projeto.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura