Ao contrário do encontro entre os candidatos ao governo do Paraná, o primeiro debate na televisão entre os concorrentes ao Senado, transmitido ontem à noite pela Band TV, teve momentos mais quentes e troca direta de farpas, sobretudo nos blocos em que os candidatos fizeram perguntas entre si por sorteio. Líder nas pesquisas de intenção de voto (veja matéria na página 14), Roberto Requião (PMDB) foi o que mais se envolveu nos momentos polêmicos e, em pelo menos duas oportunidades, foi colocado "na parede" por adversários. Também chamou a atenção a troca de gentilezas entre os colegas de chapa Requião para Gleisi Hoffmann (PT) e Ricardo Barros (PP) para Gustavo Fruet (PSDB) quando um fez pergunta ao outro.
Os blocos mais agitados foram o terceiro e o quarto, uma vez que o sorteio permitiu que adversários de chapa pudessem fazer perguntas uns para os outros. De início, Gleisi questionou Fruet sobre o fim da reeleição no poder público e ouviu do tucano, que é deputado federal, que a base do governo Lula no Congresso impediu que fosse votada a reforma política. A petista contra-atacou afirmando que o governo FHC, quando Fruet era deputado da situação, também não fez a reforma. O parlamentar do PSDB, por outro lado, classificou o Congresso de refém do Executivo, em uma "relação promíscua e de submissão".
Na sequência, Fruet atacou Requião ao levantar a polêmica da ação judicial que o ministro do Planejamento e marido de Gleisi, Paulo Bernardo, move contra o ex-governador. A ação se deve ao fato de o peemedebista ter acusado o ministro de ter utilizado dinheiro público para comprar uma rádio e de ter superfaturado o valor de um ramal ferroviário que seria construído na região de Guarapuava. Tentando contemporizar o caso, Requião classificou o problema como "divergência quanto ao preço de uma rodovia", pois o Paraná "não pode concordar que se gaste mais que o devido e o correto". "É possível ter firmeza, sem alterar a voz, sem partir para a ofensa pessoal. O Paraná perdeu muito nos últimos anos por falta de diálogo", disse, citando o fim da multa ao Paraná pela privatização do Banestado, que só foi aprovada no Congresso quando Requião deixou o governo. "Foi uma venda desastrada, com apoio do grupo político que o apoia. O senhor não tem direito a conversar sobre isso", rebateu o ex-governador, relembrando o governo Jaime Lerner.
Já Luiz Piva (PSol) provocou uma "saia-justa" em Ricardo Barros (PP) pelo fato de a candidatura do ex-líder do governo Lula na Câmara Federal só ter sido deferida na última quarta-feira ele era julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná por improbidade administrativa com base na Lei da Ficha Limpa. "Queria parabenizar o senhor pela sua candidatura ter sido finalmente deferida. Mas um professor me perguntou se não era ficha-suja alguém condenado por improbidade", ironizou Piva. "Meu segundo suplente teve um problema no registro e precisou ser substituído. Já a minha condenação foi revisada pela Justiça e não houve nenhum impedimento à minha candidatura. Quem tem registro é ficha-limpa", defendeu-se Barros.
Em seguida, foi Barros quem partiu para o ataque e indagou Requião a respeito do medo que vive a população sobre os problemas na segurança pública do estado. O ex-governador rebateu a acusação ao afirmar que isso se deve aos governos anteriores. "O senhor era membro do governo Lerner. A polícia não tinha veículo, armamento. Fui eu quem comecei a trabalhar a polícia com seriedade", afirmou. Dizendo reconhecer o esforço de Requião, Barros ponderou que o ex-governador teve quase oito anos de governo e não solucionou o problema. "Medo tem o povo da volta de vocês ao governo, daquela anarquia total", voltou a atacar o peemedebista.
Tabelinhas
As perguntas entre os candidatos também permitiram que colegas de chapas levantassem a bola um do outro e dos seus aliados na disputa a governador e presidente. Requião e Gleisi defenderam os programas sociais dos governos estadual e federal. "Pedimos o voto para a Dilma [Rousseff a presidente], para o Osmar [Dias a governador], para mim e para o Requião. Precisamos manter os programas do governo para o Brasil seguir mudando. E nossa presença permitirá isso", argumentou Gleisi, que teve o discurso endossado por Requião.
Fruet e Barros também aproveitaram a oportunidade dada pelo sorteio para defenderem um ao outro tratando da educação. "A sua irmã, Eleonora Fruet, fez muito pela educação como secretária municipal em Curitiba. A educação é prioridade do futuro governador Beto Richa", disse Barros. Fruet finalizou afirmando que quer ser o "senador da educação pelo Paraná".
Também participou do debate Rubens Hering (PV), que cobrou dos adversários sem receber uma posição definitiva a defesa da cassação dos mandatos do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus (DEM), e do primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB), devido às denúncias do caso Diários Secretos, levantado pela Gazeta do Povo e pela RPC TV. "Convido os senhores a endossar o pedido do PV ou estarão sendo coniventes com esse desvio do dinheiro público", afirmou.
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