Uma república de mulheres campeãs de votos

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O Brasil terá de esperar até 31 de outubro para saber se terá ou não a sua primeira presidente mulher. Mas, ontem, seis mulheres tiveram seu dia de rainha. Cinco delas disputavam uma vaga na Câmara Federal e foram campeãs de votos em seus respectivos estados: Ana Arraes (PSB-Pernambuco), Manoela D’Avila (PCdoB-RS), D. Iris (PMDB-GO), Teresa Jucá (PMDB-RR) e Fátima (PT-RN). Na corrida por uma cadeira ao Senado, a paranaense Gleisi Hoffman (PT) foi a única a encabeçar a lista dos mais votados, embora Lucia Vânia (PSDB-GO), Ana Amélia Lemos, (PT-RS), Marta Suplicy (PT-SP), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Cleide (PT -RO), Ângela Portela (PT-RR) e Lídice da Mata (PSB-BA) também estejam entre os novos 54 novos senadores da República.

No pleito legislativo de 2006, apenas 42 mulheres conquistaram cadeiras na Câmara Federal, um pouco mais de 8% do total de 513 deputados eleitos. Quatro senadoras foram eleitas, de um total de 27. Até o fechamento desta edição, ainda não se sabia com exatidão quantas deputadas haviam sido eleitas no país.

O caso de Ana Lúcia Arraes de Alencar (PSB), de 63 anos, é exemplar na tradição das oligarquias familiares que comandam a vida política na Região Nordeste. Além de filha do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que morreu em 2005, ela é mãe de Eduardo Campos, candidato reeleito ao governo pernambucano com quase 82,7% dos votos. Uma barbada.

Anna Arraes, como seu rebento, também é boa de urna, embora tenhaentrado tarde no Congresso. Foi, aos 59 anos, a segunda mulher na história de Pernambuco a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2006, com a terceira maior votação do estado, contabilizando mais de 178 mil votos. Desta vez, a "primeira mãe" de Pernambuco se superou: teve mais do que o dobro desse número, quase 387 mil votaram nela.

Extremos

Dentre as campeãs da Câmara Federal, Iris de Araújo (Dona Íris), de 67 anos, é a mais velha. Casada com o ex-governador e atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende, foi eleita, pelo PMDB, deputada federal em 2006. Agora retorna ao Congresso com 186 mil votos.

A mais jovem do clube das cinco, com apenas 29 anos, é a porto-alegrense Manuela d’Ávila, reeleita pelo PCdoB, com mais de 482 mil votos. Em 2006, já havia conquistado o mesmo feito, com 271 mil.

Jornalista de formação, a bela gaúcha tem uma trajetória que impressiona. Iniciou sua carreira política no movimento estudantil e se tornou a mais jovem vereadora na história de Porto Alegre, em 2004.

O único tropeço eleitoral de Manoela foi na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, em 2008. Depois de aparecer em diversas pesquisas eleitorais em segundo lugar, acabou ultrapassada pela petista Maria do Rosário, ficando no terceiro lugar. Quem venceu aquele pleito foi José Fogaça, que agora deixou o cargo para disputar o governo do estado e acabou derrotado, já no primeiro turno, pelo petista Tarso Genro .

Veterana

Três vezes eleita prefeita da capital de Roraima, Boa Vista (em 1992, 2000 e 2004), Teresa Jucá, de 54 anos, é a que tem maior experiência na vida pública. Não é novata na Câmara Federal. Elegeu-se deputada pela primeira vez em 1990, pelo PDS. Agora no PMDB, retorna ao Congresso Nacional como a mais votada em seu estado, depois de ocupar, até fevereiro deste ano, o cargo de secretária nacional de Políticas Urbanas no Ministério das Cidades. Tereza é ex-esposa do ex-governador e senador Romero Jucá, líder do governo Lula no Senado Federal e irmã do radialista e apresentador Emílio Surita, do programa Pânico na TV, da Rede TV.

No Rio Grande do Norte, outra veterana triunfou: a petista Fátima Bezerra, de 55 anos, foi eleita a seu terceiro mandato consecutivo na Câmara Federal.