A saúde é, segundo os eleitores de Curitiba ouvidos pelo instituto Ibope, a área da gestão pública em que a cidade apresenta os maiores problemas: 46% apontam esse como o serviço público mais deficitário da cidade. De acordo com entidades médicas e outras fontes ouvidas que acompanham de perto o sistema municipal, dois setores são um gargalo: a urgência/emergência e os atendimentos com médicos especialistas.
As urgências são justamente a maior reclamação dos usuários dos sistema público de saúde de Curitiba. Levantamento feito pela ouvidoria do SUS, realizado no ano passado, mostra que entre os que usam as Unidades Básicas de Saúde da capital paranaense, 19,5% consideram o atendimento de urgência e emergência da cidade ruim ou muito ruim.
A estrutura de saúde da capital paranaense cresceu de 2000 para cá eram, no início da década passada, 104 unidades de saúde que faziam 5 milhões de atendimento em um ano. Hoje há mais 33 unidades, sendo oito de urgências médicas e dois hospitais, mas há filas e demora no atendimento nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs). A grande demanda, que inclui moradores da região metropolitana, ajuda a explicar esse quadro.
"O que observamos é o estrangulamento do atendimento de urgência e emergência, com dificuldades no ciclo completo de atendimento, que inclui ambulâncias do Siate, parte clínica, o acolhimento nos hospitais e disponibilidade de leitos hospitalares. Há um problema no sistema de retaguarda de atendimento de urgência/emergência. As unidades 24 horas estão sobrecarregadas, com filas de espera e com dificuldade de manutenção de recursos humanos", avalia o médico João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná.
A crítica à área de recursos humanos se refere à contratação de médicos. O serviço público não consegue pagar um salário compatível com o mercado e em função disso a prefeitura tem dificuldade para contratar esses profissionais, principalmente para as especialidades. Para consultas com especialistas, como cardiologistas e ortopedistas, os pacientes chegam a esperar três meses pelo atendimento.
Municipalização
Os serviços de saúde foram municipalizados a partir da Constituição de 1988 e o seu acesso é universal, ou seja, o sistema municipal precisa atender todos que o procuram. De acordo com João Rogério Sanson, professor de Economia da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, a população esperava receber serviços de alta qualidade e gratuito, o que inclui rapidez no serviço.
"O cidadão não quer filas, não quer ver pacientes em corredores esperando leitos. Comparam nossos serviços com os prestados por outros países e querem ter o direito de ter a mesma qualidade", diz. Ele lembra que as grandes cidades sofrem mais nesse atendimento em função da grande demanda, que incluía toda a sua população e mais as das cidades menos estruturadas ao redor.
Ns avaliação de Sanson, para contornar esse problema falta dinheiro, mas também uma melhor gestão. "Ter transparência nas informações, modernizar as informação de gerenciamento e gestão é importante para dar um bom atendimento. Se você tem todo o atendimento mapeado, é possível fazer diagnóstico e planejamento, com metas de eficiência que devem ser divulgadas para toda a população e uma avaliação periódica, também divulgada", comenta.
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