Richa trabalhou muito para eleger Requião. De manhãzinha, das 6 às 8 horas, o governador do Paraná acompanhava o peemedebista nas visitas a terminas de ônibus e bairros da periferia. A vitória de Requião nas urnas representou uma conquista pessoal de Richa.
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Esse é um resumo do que ocorreu em Curitiba em 1985, na eleição para prefeito, a primeira pelo voto direto desde 1962. O então governador José Richa, do PMDB, dedicou-se bastante para eleger o correligionário Roberto Requião. Bateram o favorito daquele pleito, Jaime Lerner, que concorria pelo PDT, com o apoio de Leonel Brizola, governador do Rio de Janeiro e liderança nacional.
A disputa entre os dois candidatos foi muito acirrada. Lerner era o favorito e tinha no currículo uma série de realizações dos períodos em que já havia sido prefeito de Curitiba de 1971 a 1975 e de 1979 a 1983. Mas, largando na frente nas pesquisas, com 40% das intenções de voto, Lerner virou alvo prioritário dos outros candidatos.
Os peemedebistas se colocavam como a opção para o futuro. Por isso até recusaram o apoio do PCB, que desistiu da candidatura própria no meio da campanha. Os comunistas, Brizola e Jaime Lerner que havia sido prefeito duas vezes por indicação do governo militar eram as "forças do passado", que tinham um "plano de desestabilização nacional", nas palavras de José Richa, pai do atual governador, Beto Richa.
O jogo foi duro. No fim de setembro, a vantagem de Lerner sobre Requião, que era de 40% a 18%, caiu para 38% a 26%. Um mês antes do pleito, a Gazeta noticiou o empate dos dois, com 37% cada. No fim de outubro ocorreu a virada do peemedebista: 42% a 37%.
Lerner e sua trupe não aceitavam a pesquisa feita pelo Instituto Gallup. A participação popular em um comício realizado em 30 de outubro na Boca Maldita, com a presença de Brizola, animou os correligionários. "Esse comício é a nossa pesquisa, tabulada na alma do povo e impressa no calçadão da Rua das Flores", declamou o então vereador Rafael Greca, na época fiel escudeiro do pedetista.
Mas, fora as frases de efeito, nem tudo eram flores. Lerner reclamava das dificuldades que estava enfrentando, devido ao "ostensivo uso da máquina do governo." O governador José Richa deu o troco ao se licenciar do cargo no começo de novembro. Richa até conseguiu na Justiça o direito de responder às acusações usando o horário eleitoral. As denúncias de um lado contra o outro começaram a lotar as páginas da Gazeta do Povo.
A tensão chegou ao ápice dois dias antes do pleito, quando a Polícia Federal apreendeu cerca de 100 mil panfletos apócrifos. Parte do material relatava desentendimentos entre Richa e Tancredo Neves, já falecido. O restante eram cópias de um suposto edital da prefeitura anunciando que a tarifa de ônibus teria um reajuste imenso no mês seguinte: de 700 cruzeiros passaria para 1.200 ou 5.000, dependendo do trecho. À época, a prefeitura era comandada por Maurício Fruet, peemedebista como Requião.
A impressão teria sido feita a pedido do PDT. De todo o modo, não chegou às mãos do eleitorado. Sem a assombração de um tarifaço nos ônibus, os curitibanos votaram em Requião em 15 de novembro. A margem foi pequena (227.248 votos contra 208.364), mas suficientes para a vitória do PMDB. Desta vez.
Poucos partidos tiveram direito ao horário eleitoral
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que o horário eleitoral no rádio e na tevê seria de uma hora diária, em blocos de meia hora, no início da tarde e à noite. Na primeira parte, o tempo foi dividido de forma igualitária entre todos os candidatos. No horário nobre, entretanto, apenas tinham vez os candidatos de partidos com representação na Câmara Municipal.
Em Curitiba, a semente do pluripartidarismo não havia encantado os eleitores na votação para vereador, em 1982. Das 33 cadeiras, 22 eram do PMDB e 11 do PSD, sucessor da extinta Arena (assim como o PFL). Trocas de partido nos anos seguintes deram um pequeno fôlego para Jaime Lerner, da coligação PDT-PFL, ficar com 4 dos 30 minutos do horário eleitoral noturno. Paulo Pimentel (PDS) teve direito a 6 minutos. Roberto Requião, com a força do PMDB, abocanhou 20 minutos.
Nessa divisão, PT, PTB, PDC, PH e PCB (que posteriormente desistiu do pleito), ficaram de fora da propaganda na hora da noite, o de maior audiência. Como eram legendas sem expressão à época, mal tinham recursos para fazer o programa diurno.
A votação ocorreu no dia 15 de novembro. O voto ainda era no papel, mas a contagem já tinha um apoio tecnológico. A apuração de 1985 foi feita em um galpão do terminal de ônibus Capão Raso, com o auxílio de 12 computadores e 5 impressoras. Com isso, o resultado já se tornou conhecido na madrugada do dia 16, por volta das 3 horas, e naquela manhã já estava impresso na capa da Gazeta do Povo.
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José Carlos Mello Rocha atua como voluntário desde as eleições de 1950 e pretende repetir a dose em 2012, quando chega aos 81 anos. A experiência acumulada o levou a defender o fim do voto obrigatório. Para ele, a escolha seria mais consciente.