Correção
47% sentem falta de uma cidade mais calma
A reportagem "A nostalgia da província", a segunda da série O Sonho do Curitibano, publicada em 26 de agosto, informou equivocadamente que 29% dos curitibanos sentem falta da época em que a cidade era mais tranquila. Na verdade, o porcentual correto é 47%.
Leia todas as reportagens da série O Sonho do Curitibano em www.gazetadopovo.com.br/votoconsciente/sonho-do-curitibano.
Confira a íntegra da enquete do Instituto Paraná Pesquisas que embasou as matérias.
A metáfora do copo mostra que sempre há pelo menos duas formas de ver algo. Para alguns, se ele for preenchido até a metade com água, estará meio vazio. Outros dirão que está meio cheio. A administração pública e os candidatos a cargos eletivos costumam enxergar o vazio, o lado negativo. Diagnosticam o que não vai bem e buscam, a partir daí, soluções para os problemas da população. Porém, é igualmente válido olhar para a metade cheia. Ou seja, identificar o que há de bom numa comunidade e procurar melhorar ainda mais aquilo que provoca satisfação e orgulho nas pessoas.
As duas abordagens, embora diferentes, são complementares. E têm um mesmo objetivo: garantir bem-estar à coletividade. Mas a visão positiva tem uma grande vantagem. Ao enfocar o que a população gosta, pode explorar o potencial de obter envolvimento afetivo dos cidadãos na execução de políticas públicas.
O filósofo e matemático colombiano Antanas Mockus, prefeito de Bogotá por duas gestões (1995-1997 e 2001-2004), tem sido um grande divulgador da segunda abordagem. Ele sugere que o gestor municipal descubra, por meio de pesquisas, o que faz com que cada morador ame a cidade em que vive. E, a partir disso, proponha projetos e programas para ampliar o bem-estar a partir das afeições dos moradores. Mockus implantou suas ideias quando esteve à frente da capital da Colômbia. E Bogotá conseguiu transformar-se em referência em soluções urbans inovadoras.
A Gazeta do Povo se inspirou no ideário de Mockus para produzir a série de reportagens O Sonho do Curitibano, que se encerra hoje. Para isso, encomendou ao Instituto Paraná Pesquisas uma enquete para descobrir os gostos, afetos e orgulhos do morador pela capital paranaense. O instituto ouviu, em julho deste ano, 410 curitibanos com mais de 16 anos em todas as regiões de Curitiba. As questões foram abertas. Ou seja, os entrevistados puderam responder o que quisessem.
Os resultados da enquete foram analisados pela Gazeta e por especialistas das mais variadas áreas. As conclusões, sintetizadas na edição de hoje, foram apresentadas em reportagens publicadas nos últimos oito domingos. Elas revelam quais são os grandes sonhos do curitibano e como o futuro prefeito pode usar essa força afetiva para promover o bem-estar coletivo.
Bairrismo
O bairro em que moram é o lugar em que 48% dos curitibanos mais se sentem bem. Outros 11% preferem as suas próprias casas. Portanto, 59% dos moradores da cidade podem ser definidos como bairristas e caseiros. Está implícita a constatação de que os cidadãos esperam que a prefeitura ofereça serviços públicos que estejam mais próximos de onde vivem. Essa medida traria outro efeito benéfico: menos deslocamentos pela cidade e, consequentemente, um trânsito melhor.
Estética Agradável
Os curitibanos gostam do que é belo e sentem-se bem em lugares esteticamente agradáveis. Metade dos moradores, quando questionada sobre o que Curitiba tem de melhor, citou espaços ou características da cidade que têm relação com a beleza arquitetônica ou paisagística da capital. Investir em estética, portanto, é garantir bem-estar. A limpeza pública, pressuposto para uma cidade bonita, também é o principal motivo de orgulho dos curitibanos em relação à cidade o que embute, por exemplo, o anseio de resolver o problema das pichações.
Mais Parques
Passear nos parques é o programa preferido dos curitibanos. Na opinião dos moradores, as áreas verdes também ocupam o topo do ranking do que a cidade tem de melhor. Como são espaços de convívio que as pessoas apreciam, a prefeitura poderia usá-los para se aproximar dos cidadãos, ofertando nos parques serviços públicos e cultura. A "paixão verde" do curitibano também exige que sejam criadas mais unidades de conservação e que os rios que cortam os parques passem por um processo de despoluição.
Educação para todos
A boa educação no trato com os outros é a melhor qualidade dos curitibanos, segundo eles próprios. Essa autoimagem mostra a vocação do morador em colaborar com o poder público em nome do bem da cidade, desde que haja uma campanha educativa criativa para incentivá-lo a mudar de comportamento. Outro poderoso aliado de uma possível transformação social é um forte altruísmo identificado em quase um terço dos moradores de Curitiba.
Segurança familiar
O maior sonho pessoal dos curitibanos é ver seus familiares felizes, com segurança afetiva e material. A prefeitura pode ajudar as famílias a realizar esse anseio com políticas sociais que evitem e solucionem as situações de risco de cada fase da vida: gestação, infância, adolescência, maturidade e velhice. Idosos (mais suscetíveis a doenças) e jovens (ameaçados pelas drogas e violência) são os grupos mais vulneráveis.
Tranquilidade
A cidade dos sonhos de 45% dos curitibanos seria mais calma. Além do investimento em segurança, a realização desse anseio exige a valorização do cidadão e não do carro. Abrir novas ruas que tirem a tranquilidade dos moradores é algo a ser repensado. Além disso, outras medidas podem ser tomadas: combater a poluição sonora e preservar "refúgios" contra a agitação urbana, tais como áreas verdes e cenários históricos que remetam à Curitiba do passado.
Aproveitar o frio
O frio é a terceira característica de Curitiba da qual os moradores mais gostam até mesmo por ser algo que a diferencia da maioria das cidades do país, definindo assim uma identidade curitibana. Essa relação afetiva poderia ser melhor aproveitada por meio da promoção de um grande festival cultural de inverno e da atração de mais turistas nessa estação. Por outro lado, é preciso que a prefeitura torne os equipamentos públicos mais "aconchegantes" durante os períodos de baixas temperaturas.
Resgatar a inovação
O segundo maior orgulho dos curitibanos, segundo eles próprios, é viver em uma cidade inovadora, organizada e moderna. Mas um quarto dos moradores não vê nada que diferencie Curitiba das demais cidades. E o restante cita inovações urbanísticas de décadas passadas. Especialistas concordam que a capital, famosa pelas soluções criativas, precisa retomar essa característica. Ver Curitiba inovando mais, aliás, é o sexto sonho para a cidade mais citado pelos moradores.
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