Metodologia
Confira quais foram os critérios da avaliação feita pela Gazeta
A reportagem avaliou a divulgação das ações dos parlamentares nos sites e perfis em redes sociais próprios dos 38 vereadores da Câmara de Curitiba para compor o índice de transparência. Não foi considerado o Portal da Transparência do Legislativo municipal. A primeira avaliação foi publicada em 1.º de junho. À época, alguns vereadores com nota baixa no índice se comprometeram a mudar alguns aspectos de seus meios de comunicação para ficarem mais transparentes.
Foi feita uma reavaliação do primeiro índice com o mesmo processo de levantamento de dados nos sites e perfis das redes sociais. Após a avaliação da reportagem, o questionário foi enviado aos vereadores para que pudessem complementar e se posicionar em relação ao questionário.
Durante a pesquisa, cada um dos critérios adotados teve uma nota atribuída de acordo com as informações publicadas e com a facilidade de acesso a elas. Serviram como base de reavaliação o acesso à prestação de contas do político como sua atuação, projetos apresentados e agenda de mandato e também canais diretos de comunicação e requerimentos de informações. Por ser o segundo índice, a avaliação foi mais rigorosa.
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Dois meses depois da primeira publicação do Índice de Transparência da Câmara de Curitiba, a média dos vereadores da capital teve uma pequena melhora, passando de 2,4 para 3,3 pontos numa escala de 0 a 10. Organizado pela Gazeta do Povo, o índice foi inspirado em um modelo concebido pelo movimento Adote um Distrital, que fiscaliza os deputados do Distrito Federal. O índice mede os mecanismos de divulgação das ações dos vereadores em sites, perfis em redes sociais e outros informativos próprios, à parte do que está disponível no portal de transparência do Legislativo.
INFOGRÁFICO: Veja o resultado de cada vereador na nova avaliação
Na nova medição, o vereador curitibano Tico Kuzma (PSD) passou a ser o que tem a melhor nota de transparência: 9,5. Ele reformulou o seu site oficial baseado nos itens de avaliação anterior, quando tirou nota 6,6. Em segundo lugar ficou a vereadora Noêmia Rocha (PMDB), pontuando 9,1 (ela havia tirado 4,3 na primeira avaliação). Eles se juntaram à Professora Josete (PT) como os únicos a superar a média 8,0 acima da qual a divulgação do vereador pode ser considerada transparente. Josete tirou 8,55 na nova medição (ela havia conquistado 8,8 na medição anterior).
Menores notas
A nova rodada de avaliação da transparência dos vereadores foi atualizada na última segunda-feira. Os vereadores Dirceu Moreira (PSL) e Julião Sobota (PSC) não responderam até o fechamento desta edição. Odilon Volkmann (PSDB), Tito Zeglin (PDT) e Algaci Tulio (PMDB) se recusaram a responder.
Os demais 30 parlamentares que se submeteram à avaliação não alcançaram 7,0 pontos. Na medição, 13 nem sequer ultrapassaram os 2 pontos. A menor nota (0,0) foi da vereadora recém-empossada Maria Goretti (PSDB). Ela afirma que já está construindo um site para divulgar suas ações. A vereadora Dona Lourdes (PSB), que não havia contabilizado nenhum ponto na primeira avaliação, aumentou dois décimos na reavaliação. "Eu vou completar 85 anos, já sou idosa. Não tenho internet, nada", justifica.
Alguns vereadores contestam a necessidade da apresentação de todos os critérios do índice concebido pela Gazeta em seus sites pessoais. "Eu acredito que não teria que fazer isso, por ser tudo postado no site da Câmara", diz Jair Cézar (PSDB).
Para Jonny Stica (PT), o Legislativo deveria ajudar os vereadores a alcançar a transparência. "A Câmara precisa motivar, fazer cursos e dar instrumentos para chegar a esse patamar [de transparência]."
Promessas
Na edição anterior, Felipe Braga Côrtes se comprometeu a aperfeiçoar seu índice. A melhora na segunda tomada de notas foi pequena, de cerca de seis décimos, e o vereador pretende fazer ainda mais mudanças. Outros parlamentares continuaram a fazer promessas de mudanças em seus sites, entre eles Aladim Luciano (PV), Celso Torquato (PSD), Emerson Prado (PSDB), Francisco Garcez (PSDB), João Luiz Cordeiro (PSDB) Jorge Yamawaki (PSDB), Julieta Reis (DEM), Pastor Valdemir Soares (PRB), Professora Josete (PT), Roberto Hinça (PSD), Zezinho do Sabará (PSB) e Juliano Borghetti (PP).
Para analistas, Câmara não dá prioridade à prestação de contas
O fato de os vereadores terem melhorado pouco a sua nota no índice de transparência desde a primeira divulgação da medição, em junho, mostra que os parlamentares não se importam muito ainda com a prestação de contas de seu mandato. No entanto, especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que isso em breve poderá mudar, principalmente por causa das eleições.
Segundo o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, os vereadores até hoje têm pouco interesse na divulgação desse tipo de dados porque acreditam que o seu eleitor típico não dá importância para o acompanhamento do mandato. "Todas as pesquisas mostram que alguns poucos meses depois do início da legislatura a maior parte dos eleitores já nem lembra em quem votou. O eleitor não é um fiscal ativo", afirma.
Assim, os vereadores que mantêm sites ativos e com informações relevantes são exceção porque também seriam raros os eleitores que exigem isso de seus representantes. "Os sites que existem muitas vezes são muito mais voltados à propaganda do que à prestação de contas, como deveria ser", afirma Castello Branco.
De acordo com o professor de Ciência Política Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no entanto, com o processo eleitoral muitos vereadores descobrirão que é necessário manter esse tipo de informação para não perder eleitores. E alguns, diz ele, descobrirão isso tarde demais, quando já tiverem perdido a reeleição.
Disseminação
"Hoje são poucos os candidatos que podem dispensar eleitor com acesso à web, porque já há uma disseminação grande da internet", afirma. Segundo ele, os candidatos a cargos majoritários, como os que disputam prefeituras, já não abrem mão de se comunicar com os internautas. E agora será a vez de os vereadores descobrirem a importância dessa comunicação. "Perto da eleição, é possível que algum outro candidato se comunique com o eleitor que era fiel a um vereador e acabe 'roubando' um voto. Só aí o político tradicional pode perceber que cometeu um erro de avaliação", afirma. (RWG)
Colaboraram Laura Weiss e Maria Victoria Ferraz.
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