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Segundo especialistas, entre indecisos e pessoas que podem mudar de candidato até o próximo domingo, cerca de 20% do eleitorado ainda é volátil | Antônio More/ Gazeta do Povo
Segundo especialistas, entre indecisos e pessoas que podem mudar de candidato até o próximo domingo, cerca de 20% do eleitorado ainda é volátil| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Metodologia

Pesquisa Datafolha divulgada no dia 26 de setembro: foram ouvidos 11.474 eleitores em 402 municípios nos dias 25 e 26 de setembro. Margem de erro: dois pontos porcentuais. Registro no TSE: BR-00782/2014. Pesquisa Ibope divulgada no dia 23 de setembro: foram ouvidos 3.010 eleitores em 206 municípios entre os dias 20 e 22 de setembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais. Registro no TSE: BR-00755/2014.

Estrategistas de campanhas e especialistas em análises de cenários eleitorais trabalham com um número decisivo nesta reta final de campanha presidencial: 28 milhões de votos. Segundo analistas, este número representa o índice histórico de eleitores que iniciam a última semana de campanha antes da eleição sem ter definido em quem votar para presidente.

Eles constituem cerca de 20% dos 142.822.046 brasileiros aptos a ir às urnas no próximo domingo, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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A última rodada de pesquisas, na semana passada, estimou que entre 7 milhões (Ibope) e 8,5 milhões (Datafolha) de eleitores não respondem ou dizem não saber em quem vão votar para presidente. Só em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, são 3 milhões de indecisos, segundo o Ibope, ou 10% do eleitorado no estado.

Além do perfil clássico de indecisos, há ainda um grupo de eleitores chamados pelos analistas de infiéis — os que apontam um candidato de preferência, mas não declaram ter certeza absoluta da escolha e dizem que ainda podem mudar de ideia. A análise da pesquisa Ibope divulgada na semana passada mostra que só essa fatia alcançava 51 milhões de eleitores. Ou seja, a dez dias da eleição, 58,2 milhões de pessoas, 40% do eleitorado que podem ser classificados como infiéis ou indecisos, não tinham uma decisão firme de voto. Se os padrões dos analistas políticos se repetirem, esse contingente cairá para cerca de 28 milhões nesta semana.

Os votos voláteis se espalham por todas as candidaturas. De acordo com o Ibope, 43% dos que declaravam voto em Marina Silva (PSB) admitiam que ainda poderiam trocar de candidato. Entre os eleitores de Aécio Neves (PSDB), 39% disseram ainda não estarem totalmente certos da opção. Já entre os que escolheram Dilma Rousseff (PT), o índice de incerteza é de 31%. Segundo analistas, a vantagem da candidata à reeleição tem explicação. Como é presidente e com alto grau de exposição, as críticas feitas pelos rivais durante a campanha são igualmente mais conhecidas e, assim, têm impacto menor do que as que recaem sobre os adversários.

Com a diminuição da distância entre Marina e Aécio, aumenta a relevância dessa parcela do eleitorado na última semana. A vantagem de Marina sobre o tucano, que girava em torno de 25 milhões de votos no início do mês, hoje é de 14 milhões, segundo o Ibope, e de 12,8 milhões, de acordo com o Datafolha.

A análise mais detalhada dos dados do Ibope só sobre o grupo de indecisos mostra que são mais numerosos entre os eleitores com escolaridade mais baixa (7% na parcela que completou a 4.ª série do Ensino Fundamental) e com renda familiar mensal de até um salário mínimo (8%).

Por região, o índice é mais elevado no Nordeste, onde 7% do eleitorado ainda não decidiu em quem votar. Entre os estados, São Paulo, onde 10% estão indecisos, tem um número elevado de votos que ainda podem ser conquistados: 3 milhões. Entre os que avaliaram o governo Dilma como "regular", 8% estão indecisos, acima da média geral de 5%. A margem de erro da pesquisa Ibope é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

A sondagem divulgada pelo Datafolha na sexta-feira indica Dilma com 45% dos votos válidos (excluindo brancos e nulos), o que torna indecisos e infiéis também decisivos para a campanha petista, mesmo na liderança, em busca de uma definição no primeiro turno.

"Cerca de 20% do eleitorado deve decidir na última semana. Quando temos uma situação como a desta eleição, que pode ter fim mais apertado, uma pequena margem de votos faz muita diferença na reta final", analisa o professor Valeriano Ferreira Costa, do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp, que vê como ponto mais sensível a disputa pela segunda vaga no segundo turno.

Tática é forçar o "voto útil" contra o rival

Uma das estratégias das campanhas na reta final, de acordo com analistas, será tentar forçar o "voto útil" contra o rival, já que boa parcela do eleitorado, avaliam os especialistas, é descrente na política. A tática na última semana seria explorar os defeitos dos adversários. "São eleitores que não participariam do processo eleitoral se o voto não fosse obrigatório", diz o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"É um eleitorado refratário à política. Quando vota, é contra alguém, não a favor. Acho difícil que as campanhas se beneficiem de uma corrida em direção a esse eleitor, a não ser que estimulem um voto útil contra determinado rival". O professor Valeriano Ferreira Costa, da Unicamp, corrobora: "São pessoas que só decidem porque são obrigadas".

Para a diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, boa parte dos eleitores que ainda estão indecisos pode ajudar a levar a eleição para o segundo turno. "Esse contingente de eleitores indecisos não se distribui igualmente entre todos os candidatos. Geralmente, quem está indeciso vota no segundo ou no terceiro colocado, ajudando a levar a decisão para o segundo turno", destaca.

Surpresa

Já o filósofo e cientista político José Augusto Guilhon Albuquerque, do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, acredita que os 20% de eleitores que vão decidir o voto na última semana da campanha podem provocar mudanças surpreendentes no resultado das eleições. "Desde o início desta campanha, nunca esteve muito claro o resultado. A incerteza tem sido bem maior. O voto por oposição tem um peso muito grande. É um voto útil e, numa situação de incerteza, é difícil definir quem tem chance de ir ao segundo turno. As curvas de Aécio e Marina podem acelerar nesta reta final", afirma.

Na rua

Militância é aposta do PT para consolidar liderança de Dilma

O PT aposta na força dos militantes do partido para conquistar eleitores indecisos na última semana de campanha e ampliar a vantagem de Dilma Rousseff sobre Marina Silva (PSB) na reta final do primeiro turno. A estratégia petista, decidida em reunião na última sexta-feira, prevê atividades de rua no Sudeste, especialmente em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

Dilma e o ex-presidente Lula participarão de um comício hoje na capital paulista. O maior colégio eleitoral do país também vai receber a candidata à reeleição amanhã e na sexta-feira, quando está prevista uma caminhada.

"A ordem no PT é ampliar ao máximo a mobilização na rua. Não vamos conquistar todos os indecisos, mas, historicamente, a tendência é que eles se movam para a candidatura que está na frente", diz o presidente do PT e coordenador da campanha de Dilma à reeleição, Rui Falcão.

Na pesquisa Ibope divulga na sexta-feira, Dilma apareceu pela primeira vez à frente de Marina Silva (PSB) no segundo turno: a petista tem 47%, contra 43% de Marina.

Estratégia

Marina tenta conquistar votos do PSDB e dedemais opositores do PT

A campanha de Marina Silva (PSB) à Presidência aposta na conquista dos opositores da presidente Dilma Rousseff (PT), em especial em São Paulo, para chegar ao Palácio do Planalto. Pessoas próximas à candidata já começam a fazer gestões para atrair políticos que podem ajudar a derrotar o PT, principalmente tucanos como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deverá se reeleger no primeiro turno.

Desde a semana passada, Marina amenizou as críticas a Alckmin e o distanciamento que mantinha do tucano. Retirou o veto que impunha ao uso de imagens dos dois juntos. Enquanto alguns acreditam que Alckmin não ajudará Marina, integrantes do PSB apostam no contrário.

Há, nos bastidores, um sentimento de alívio com a proximidade do fim da primeira fase da eleição. Houve o temor de uma queda acentuada, possível efeito dos ataques sofridos. Para a próxima fase, o coordenador da campanha de Marina, Walter Feldman, aposta nos indecisos. "Esses eleitores têm características em comum, como a rejeição aos políticos. Nesta faixa, a Marina é imbatível", aposta.

Na oposição

Aécio Neves quer se firmar como única opção a petistas

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, tem duas estratégias para atrair eleitores indecisos e simpatizantes de outros concorrentes na última semana antes da eleição: defender sua candidatura como a mais preparada para derrotar a presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, amenizando a tendência de "voto útil" em Marina Silva entre os eleitores que rejeitam a ideia da reeleição de Dilma; e manter o discurso anti-PT contra Dilma e Marina, que começou sua carreira política no partido.

A equipe tucana deposita as esperanças nos eleitores que não definiram em quem votar e naqueles que ainda podem mudar de uma candidatura para outra para reverter o quadro eleitoral e levar Aécio ao segundo turno.

Nos últimos dias, entrou no ar na televisão uma inserção da campanha com o mote: "Aécio: o voto útil para vencer o PT". Na aparição, o candidato diz que as pesquisas mostram a redução na diferença em relação à Marina e afirma que ele é quem tem mais condições de derrotar Dilma no segundo turno. O vídeo continuará sendo veiculado na TV e nas redes sociais.

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